Que tal ouvir os sons do espaço em torno de uma das estrelas mais espetaculares da Via Láctea? RS Puppis, uma estrela variável Cefeida localizada a cerca de 6,5 mil anos-luz de distância da Terra, recebeu um tratamento de sonificação de dados – e o resultado é este que você confere aqui embaixo.
Não seria exagero dizer que, caso exista um paraíso após a morte, o som ambiente deve ser bem parecido com esse que ouvimos.
O trabalho é do programa de divulgação de arte científica SYSTEM Sounds, que traduz o ritmo e a harmonia do cosmos em música e som. “Criamos vídeos, aplicativos interativos e exposições públicas que inspiram, educam e tornam a astronomia mais acessível aos deficientes visuais”, diz a descrição no site do projeto.
Eles pegaram uma imagem captada pelo Telescópio Espacial Hubble da estrela e transcreveram a luz em som, atribuindo tom à direção do centro da imagem e volume ao brilho da luz.
À medida que o círculo de “leitura do som” se aproxima da estrela brilhante no centro da imagem, o áudio fica mais alto, terminando em uma única convergência de som.
Conforme destaca o site Science Alert, sonificar o Universo não apenas oferece outra maneira de experimentar as maravilhas do cosmos, como também existem algumas razões realmente úteis para fazer isso.
Por um lado, a conversão de dados visuais em auditivos os torna mais acessíveis a pessoas com visão limitada ou cegueira. Também pode tornar conceitos complexos mais fáceis de entender, oferecendo uma nova perspectiva de observação.
A técnica também pode revelar detalhes nos dados que podem ser negligenciados em sua forma original, mostrando padrões, sinais mais fracos ou informações que seriam perdidas no ruído.
Para algo como uma estrela variável Cefeida, isso seria uma ferramenta poderosa, pois elas estão entre as estrelas mais importantes da nossa galáxia, principalmente em razão de sua variação de brilho.
Quanto mais brilhante, mais distante
Muitas outras estrelas também variam em brilho, mas para as variáveis Cefeidas, existe uma relação conhecida e distinta entre seu brilho e sua periodicidade.
Dessa forma, uma vez que os astrônomos tenham o tempo de uma variável Cefeida, eles podem descobrir exatamente o quão intrinsecamente brilhante ela é – não o quão brilhante ela parece para nós na Terra, mas quanta luz ela de fato emite.
A partir do momento em que se sabe o quão brilhante é um objeto, é possível descobrir o quão longe ele está. Isso quer dizer que podemos usar variáveis Cefeidas para mapear distâncias na Via Láctea.
RS Puppis, com um brilho médio 15 mil vezes maior que o do Sol, é a variável Cefeida mais brilhante. Ela é totalmente cercada por poeira.
Quando brilha, a estrela envia uma explosão mais cintilante de luz para a poeira. Essa luz é refletida pela poeira, produzindo um eco de luz – é isso que faz com que se formem belos anéis prateados em torno da estrela.
Ao estudar esses anéis, os cientistas podem entender a poeira e suas propriedades, o que pode dizer mais sobre o material que preenche o espaço interestelar.
Fonte: Olhar Digital
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