Notebooks, desktops e até peças avulsas de computadores sempre foram produtos caros. Porém, depois da pandemia da COVID-19, o preço desses itens subiu de forma vertiginosa e ainda não voltou ao patamar de anos anteriores. Até mesmo notebooks básicos, sem placa de vídeo dedicada e com processadores simples, ultrapassam facilmente a faixa dos R$ 2 mil no varejo nacional.
Mas por que os preços de computadores são tão altos no Brasil? O Olhar Digital analisou os possíveis fatores que causam o aumento no custo de peças de hardware e conta, nas linhas a seguir, a conclusão em detalhes.
A escassez de chips na pandemia
A pandemia da COVID-19 afetou diretamente a fabricação de componentes eletrônicos no mundo todo. Empresas como Intel, AMD e Nvidia começaram a ter dificuldade em produzir e entregar suas peças, devido às quarentenas e restrições de transporte. Com isso, o custo de produção cresceu, aumentando também o preço final praticado aos consumidores.
A crise global de chips afetou todos os componentes envolvidos no funcionamento dos computadores, incluindo processadores, placas de vídeo, placas-mãe, pentes de memória RAM, SSDs, entre outros. Assim, tanto peças avulsas quanto notebooks e desktops pré-montados ficaram mais caros.
Antes da pandemia, era possível encontrar notebooks básicos, como modelos simples da linha IdeaPad, da Lenovo, por até R$ 1,8 mil. Hoje em dia, os laptops do mesmo nível não saem por menos de R$ 2,5 mil.
Atualmente, quem deseja comprar um notebook barato por menos de R$ 2 mil precisa se contentar com modelos bastante limitados, equipados com processadores Intel Pentium, Intel Atom e Intel Celeron, que ficam bastante atrás dos tradicionais chips Intel Core.
A desvalorização do real
Os computadores e componentes de hardware são produtos precificados primeiro em dólares. Para serem vendidos aqui no Brasil, os preços precisam ser convertidos para reais utilizando a cotação mais recente da moeda dos EUA. Em outras palavras, quanto mais alta for a cotação do dólar, maiores serão os preços praticados para os produtos.
Entre 2020 e 2021, o dólar cresceu de forma vertiginosa em relação ao real. Em janeiro de 2020, a moeda dos EUA era comercializada a R$ 4,07; e desde março do mesmo ano — momento mais grave da pandemia da COVID-19 —, ela permanece acima dos R$ 5.
Enquanto o dólar não diminuir, e o poder de compra dos brasileiros não aumentar, os melhores notebooks e componentes de hardware continuarão sendo inacessíveis para a maior parte da população.
A maioria dos componentes são importados
Apesar de haver algumas empresas com montadoras de computadores localizadas no Brasil, como no caso da Avell, ainda é necessário importar a maioria dos componentes utilizados na montagem dos PCs. A maior vantagem ao produzir máquinas em território nacional é a possibilidade de oferecer garantia por mais tempo e mão de obra com preço competitivo.
Vale explicar que montadoras diferem de fábricas. Assim como na produção de carros, as montadoras recebem peças de terceiros e montam o produto no Brasil. Já as fábricas produzem os componentes do zero — e não há muitas fábricas de chips por aqui.
Em 2021, a estatal de produção de chips semicondutores Ceitec — Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada — foi extinta, e ela era a única fábrica do ramo na América Latina inteira.
Os impostos do Brasil
Devido à falta de fábricas nacionais, é necessário importar os computadores e componentes. Isso significa que todos esses produtos são afetados pelos impostos do Brasil, incluindo o IPI — Imposto sobre Produtos Industrializados.
Em 2022, o governo federal decretou diminuição de 35% no IPI de alguns produtos, incluindo computadores. Na época, o decreto tinha como objetivo “contribuir para os esforços de reindustrialização do país por meio de redução da carga tributária, incentivando a competividade da indústria nacional e a consequente potencial geração de emprego e renda em todas as regiões”, segundo o próprio Ministério da Economia em nota.
Porém, mesmo com a redução no IPI, não houve redução significativa nos preços de computadores. É possível que os efeitos demorem para aparecer, já que é necessário renovar os estoques de produtos para começar a aplicar novos preços.
Também é importante mencionar que o IPI não é o único imposto aplicado a computadores no Brasil. Outros impostos aplicados em hardware são o Imposto de Importação — ICMS — que varia para cada estado, o PIS e o COFINS.
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Fonte: Olhar Digital
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