Conforme noticiado pelo Olhar Digital, dois terremotos devastadores atingiram a Turquia e a Síria na manhã de segunda-feira (6), contabilizando, até agora, mais de 12 mil mortos. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que esse número pode ser até oito vezes maior.
O primeiro terremoto que atingiu a Turquia e o noroeste da Síria foi de magnitude 7,8 – sendo o mais forte registrado na região em mais de 80 anos. Horas depois, um tremor secundário de 7,5 graus também foi sentido.
O que se sabe até o momento:
Mas por que esses eventos fizeram tantas vítimas fatais?
Causado por uma ruptura de 100 km entre as placas tectônicas da Anatólia e da Arábia – o terremoto primário atingiu seu epicentro perto da cidade de Nurdağı, no sul da Turquia, às 4h15 (horário local) de segunda-feira, derrubando edifícios e deixando milhares de vítimas presas sob os escombros.
Durante as incansáveis tentativas de busca e resgate, vários tremores secundários (incluindo um de magnitude 7,5, quase tão poderoso quanto o terremoto original) aumentaram a destruição.
Com o atual número de mortes, o terremoto de Nurdağı é o terceiro mais fatal na Turquia desde o século passado, superado apenas pelo terremoto de Izmit, de 1999, que matou mais de 17 mil pessoas, e o terremoto de Erzincan, de 1939, que matou quase 33 mil.
Mas por que os terremotos naquela região têm o potencial de ser tão mortais? Segundo o site Live Science, a resposta, em parte, está na tectônica de placas complexas, no solo macio e na construção desproporcional de edifícios à prova de terremotos.
O sudeste da Turquia e o noroeste da Síria são propensos a atividades sísmicas perigosas porque se encontram na junção de três enormes placas tectônicas – a africana, a da Anatólia e a árabe – cujas colisões e obstáculos causam abalos constantes.
Alguns cientistas especularam que um forte estresse sobre a Falha da Anatólia Oriental pode ter sido construído ao longo dos séculos, até que a tensão entre as placas da Anatólia e da Arábia se rasgou em uma “ruptura transcorrente” ou “ruptura de chave inglesa” – puxando as placas horizontalmente de forma abrupta uma sobre a outra e liberando energia na forma de ondas sísmicas.
“O GPS mostra que, em toda a Falha da Anatólia Oriental, os blocos estão se movendo em torno de 15 milímetros por ano em relação uns aos outros. Esse movimento estende a crosta através da falha”, escreveu Judith Hubbard, professora assistente visitante de ciências da Terra e atmosféricas na Universidade de Cornell, no Twitter no dia do evento. “Um terremoto de magnitude 7,8 pode escorregar 5 metros em média. Então, o terremoto de hoje está alcançando cerca de 300 anos de alongamento lento”.
Uma vez que a falha se rompeu, o impacto catastrófico do terremoto foi ampliado por vários fatores. A Falha da Anatólia Oriental se estende sob uma região densamente povoada, e os terremotos de segunda-feira foram rasos.
Isso significava que a energia das ondas sísmicas não havia se dissipado muito antes de começar a abalar as casas das pessoas.
Os solos sedimentares macios da região fizeram com que as edificações tremessem mais forte, ficando mais propensas a entrar em colapso do que se suas fundações tivessem apoiadas em leito rochoso.
De acordo com o Serviço Geológico dos EUA (USGS), os solos de Nurdağı são úmidos o suficiente para sofrer uma quantidade significativa de liquefação – comportando-se mais como pastoso do que sólido durante as violentas convulsões dos terremotos.
Outras razões pelas quais o episódio foi tão mortal são a estrutura dos edifícios e o momento do dia em que os tremores ocorreram. Como foi nas primeiras horas da manhã, as pessoas estavam dormindo e tiveram poucas chances de escapar do desabamento dos edifícios, muitos dos quais não eram suficientemente à prova de terremotos.
“É difícil assistir a essa tragédia se desenrolar, especialmente porque sabemos há muito tempo que os edifícios na região não foram projetados para resistir a terremotos”, disse David Wald, cientista do do USGS, em um comunicado. “Um terremoto desse tamanho tem o potencial de ser prejudicial em qualquer lugar do mundo, mas muitas estruturas nesta região são particularmente vulneráveis”.
Edifícios de bairros mais pobres foram os mais prejudicados
Depois do terramoto de Izmit, códigos de construção mais rigorosos garantiram que as construções modernas da Turquia fossem concebidas para serem resistentes a terremotos.
No entanto, muitos dos edifícios mais antigos, que geralmente abrigam aqueles que vivem em bairros mais pobres e densamente povoados, foram erguidos antes que os códigos entrassem em vigor e permaneceram vulneráveis ao colapso.
“Esse incidente serve como um lembrete da alta vulnerabilidade física da região a terremotos. A proximidade da Síria e da Turquia com as fronteiras convergentes e de deslizamento significa que os terremotos acontecerão regularmente, e essa realidade precisa ser inculcada nas estruturas de gerenciamento de desastres de ambos os países”, disse Henry Bang, um especialista em gestão de desastres da Universidade de Bournemouth, no Reino Unido, no comunicado do USGS. “Aprendendo com essa experiência, uma prioridade deve ser modernizar os edifícios existentes na região para poder resistir a terremotos”.
Fonte: Olhar Digital
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