Uma série de cartas secretas e criptografadas escritas por Mary Stuart, Rainha da Escócia e Rainha Consorte da França, foram descobertas na Biblioteca Nacional da França (BnF). Os registros datam do período em que ela foi mantida presa por sua prima Elizabeth I, Rainha da Inglaterra. Elas foram achadas por uma equipe internacional de decifradores de códigos.
O trabalho de decifração das cartas foi publicado na revista Cryptologia e foi feito pelo trio George Lasry, cientista da computação e criptógrafo, Norbert Biermann, pianista e professor de música e Satoshi Tomokiyo, físico e especialista em patentes.
Mary Stuart, Rainha da Escócia
Mary Stuart foi uma das figuras mais conhecidas do século 16, e foi a primeira na linha de sucessão ao trono da Inglaterra, depois de Elizabeth I. Por praticar o catolicismos, os católicos consideravam Mary mais legítima ao trono do que sua prima.
Por ser vista como ameaça, Elizabeth mandou prender a Rainha da Escócia por 19 anos. Ela foi executada aos 44 anos, por suspeitas de ter participado em um complô organizado para matar a Rainha da Inglaterra.
Durante o período em que foi mantida em cativeiro, Mary comunicou-se com seus aliados através de cartas criptografadas e extremamente sigilosas. Muitas delas já haviam sido encontradas e guardadas em diversos arquivos.
No entanto, evidências apontavam que algumas dessas cartas estavam perdidas. Isso porque outros registros falavam sobre essas correspondências, mas elas ainda não haviam sido encontradas.
Lasry que faz parte um projeto para decifrar criptografias históricas ficou intrigado com a pesquisa realizada por eles
Nós quebramos códigos secretos de reis e rainhas anteriormente, e eles são muito interessantes, mas com Maria Rainha da Escócia foi notável, pois tivemos tantas cartas inéditas decifradas e porque ela é tão famosa. Esta é uma descoberta verdadeiramente emocionante. untas, as cartas constituem um volumoso corpo de novo material primário sobre Mary Stuart – cerca de 50.000 palavras no total, lançando uma nova luz sobre alguns de seus anos de cativeiro na Inglaterra.
George Lasry, em resposta a Phys
Decifrando as cartas
Algumas das cartas estavam em arquivos não marcados como criptografia e usavam o mesmo conjunto de símbolos gráficos. A biblioteca as havia catalogado como assunto italiano da primeira metade do século 16.
Usando técnicas manuais e computadorizadas para decodificar as cartas, os pesquisadores descobriram rapidamente que na verdade elas estavam escritas em francês e não tinham nada a ver com a Itália.
As suspeitas de que as cartas poderiam ser de Mary Stuart vieram quando foram encontrados verbos e advérbios em feminino, menções ao cativeiro e o nome “Walsingham”, mestre espião de Elizabeth. A confirmação veio a partir de textos simples de cartas nos artigos de nome Walsingham na Biblioteca Britânica e busca por letras semelhantes na BnF.
Tempo em cativeiro
Nas cartas decifradas, Mary Stuart falou sobre sua saúde precária e as péssimas condições da sua prisão. Ela também menciona as negociações sobre sua libertação com a Rainha Elizabeth I, que ela acreditava serem de má fé.
A Rainha da Escócia também mencionou sua desconfiança com o mestre espião da Rainha da Inglaterra, Sir Francis Walsingham e seus ressentimentos com Robert Dudley, Conde de Leicester, próximo de Elizabeth. Além disso, ela também mostrou-se aflita e triste quando seu filho James, futuro Rei James I da Inglaterra, foi preso e seu desapontamento com a França por se sentirem abandonados.
John Guy, especialista na vida de Mary e autor da biografia que virou filme, Mary Rainha da Escócia acredita que essa é a maior descoberta sobre a vida dela feita em um século.
Esta descoberta é uma sensação literária e histórica; fabulosa. Esta é a nova descoberta mais importante sobre Maria, Rainha da Escócia por 100 anos. Eu sempre me perguntei se os originais de Castelnau poderiam aparecer um dia, enterrados na Biblioteca Nacional da França ou talvez em outro lugar, não identificados por causa da criptografia. E agora eles têm.
John Guy
Lasry acredita que evidências apontam que ainda faltam outras cartas de Mary Stuart para serem achadas. Espera-se que a pesquisa leve estudos mais detalhados sobre as cartas e a vida em cativeiro da Rainha.
Em nosso artigo, fornecemos apenas uma interpretação inicial e resumos das cartas. Uma análise mais profunda pelos historiadores poderia resultar em uma melhor compreensão dos anos de Maria em cativeiro.
George Lasry
Fonte: Olhar Digital
Comentários