A probabilidade de pegar Covid-19 ainda existe – afinal, a pandemia ainda não acabou. Mas ela depende de como você leva a vida. Por isso, não dá para fechar um percentual para essa chance de contágio. É o que explicou Sidnei Bertholdi, médico infectologista, em entrevista ao Olhar Digital.
Depende se estamos vivendo um surto [de Covid], se é um surto de uma variante mais transmissível, da circulação das pessoas, taxa da vacinação da população, medidas individuais de precaução tomadas [evitar sair, manter distanciamento social, usar máscara etc] e atividades que a pessoa desenvolve no dia a dia.
Sidnei Bertholdi, médico infectologista, em entrevista ao Olhar Digital
Para ajudar sua noção sobre isso, confira abaixo à quantas anda a pandemia no mundo (e no Brasil), como o coronavírus evolui e quanto cada medida pode te proteger. Munido dessas informações, você consegue estimar sua chance de contrair o pestinha.
Pandemia no mundo e no Brasil
Para começar, além da pandemia de Covid ainda não ter acabado, continua sendo uma emergência de saúde pública de importância internacional – estado decretado em janeiro de 2020 pela OMS (Organização Mundial da Saúde). É o que consta num relatório do Comitê de Emergência do RSI (Regulamento Sanitário Internacional), publicado no final de janeiro de 2023.
Apesar de concordar com a decisão do comitê, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, acredita que a pandemia esteja num ponto de transição. Mesmo assim, o comitê deu o alerta: o coronavírus não vai desaparecer.
Por isso, ainda existe a probabilidade de pegá-lo, seja no Brasil ou mundo afora. Para você ter uma ideia, o primeiro mês de 2023 fechou com média de quase 11 mil casos por dia. Era a mais baixa desde meados de novembro de 2022, mas ainda assim considerável. Os dados são do finado consórcio de veículos de imprensa do país.
Evolução do coronavírus
Além da possibilidade de pegar Covid-19, novos aumentos de casos podem rolar, mesmo após tantos anos de pandemia. Essas ondas vem por conta das mutações do vírus – isto é, surgimento de variantes (delta, ômicron e por aí vai).
É um vírus que já está mais adaptado ao ser humano. A gente observa essa adaptação porque o vírus se torna mais transmissível e menos grave. As novas variantes têm capacidade de se espalhar mais facilmente entre as pessoas, porém, não causam Covid grave. [Isso acontece porque] não é interessante, para o vírus, que seu hospedeiro morra. Quando ele morre, para de transmití-lo.
Sidnei Bertholdi, médico infectologista, em entrevista ao Olhar Digital
Além disso, já ter pego Covid não te garante blindagem contra a doença para sempre. No geral, seu organismo te protege por, pelo menos, três meses após a infecção. Mas casos de reinfecção podem rolar pouco menos de um mês depois. É o que disse Antonio Carlos Bandeira, professor de Infectologia, na UNI-FTC Salvador, em entrevista ao UOL.
Proteção contra Covid-19
Está com receio de pegar Covid? É só seguir aquelas regrinhas repetidas diariamente em parte da imprensa desde 2020:
Mantenha distanciamento social
Fugir do coronavírus é difícil, porque o danado se espalha pelo ar. Uma pessoa infectada cospe quase 100 mil partículas de vírus por minuto, segundo estudo publicado na revista Science em 2021. Por isso, abrir espaço entre você e os outros ao sair é uma boa. Nada muito absurdo: dois metros está ótimo.
Evite ambientes fechados e/ou lotados
Se imagine mergulhado num ambiente com bilhões de partículas – muitas das quais com coronavírus de brinde. Daí a importância de se evitar locais sem ventilação e/ou apinhados de gente. Quanto maior a distância entre você, as pessoas e o pé direito do ambiente, menor a chance do vírus chegar até suas narinas, boca, mãos etc. E quanto mais janelas abertas, melhor.
Use máscaras
Uns tipos te protegem mais, outros menos, mas é consenso na ciência: usar máscara diminui muito a chance de você pegar Covid-19. Inclusive, um estudo do Instituto de Física da USP testou a eficácia da filtragem de 227 modelos vendidos em lojas e farmácias do Brasil.
Eis o placar de quanto das partículas (possivelmente carregadas com o vírus) cada tipo barra:
Tome vacina
Se você estivesse prestes a enfrentar a Covid como chefão de um jogo, o imunizante seria aquela arma brilhante, a mais poderosa contra ele, com munição de sobra. Assim como existem variantes do coronavírus, temos doses da vacina a nosso dispor. De graça, ainda por cima.
Essas doses de reforço são essenciais para te proteger contra a Covid em todas as suas formas e tamanhos. É o que apontou um estudo, divulgado no final de janeiro de 2023, feito pela Universidade Johns Hopkins, dos EUA, em parceria com USP, Unifesp e outras universidades brasileiras.
De acordo com a pesquisa, o índice de contaminação no surto da Ômicron, entre dezembro de 2021 e janeiro de 2022, foi de 60% para quem tinha tomado duas doses. Já para entre quem tinha tomado três, esse índice caiu para a metade. Ou seja, quanto mais doses, mais protegido você fica. É fato.
Sabemos que muita gente morreu por Covid. Gente nova, gente idosa, até crianças. Então, o reforço é necessário para manter a maior parte da população protegida. A vacina evita Covid grave e óbito. Ela não evita, 100%, que você pegue a doença. Então, quanto mais gente vacinada, menos o vírus tem capacidade de circular. Ou seja, ela também funciona como um bloqueio da disseminação viral.
Sidnei Bertholdi, médico infectologista, em entrevista ao Olhar Digital
Fontes: BBC, G1 (o que esperar da Covid em 2023 e números da pandemia), Jornal Nacional (doses de reforço e uso de máscaras), Opas e UOL
Imagem de destaque: Tomaz Silva / Agência Brasil
Fonte: Olhar Digital
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