O Telescópio Espacial James Webb identificou diferentes compostos orgânicos congelados na nuvem molecular Camaleão I, localizada a 500 anos-luz da Terra.
Segundo a NASA, os compostos, que foram descobertos em uma região fria e escura da nuvem de poeira e gás responsável pela formação de estrelas e planetas, vão contribuir para os astrônomos estudarem esse tipo de molécula que, futuramente, serão incorporadas a novos exoplanetas.
Na nuvem de poeira e gás, foram encontradas moléculas simples como água e outros compostos, como sulfeto de carbonila, amônia e metano. Moléculas de metanol, que são consideradas simples na Terra, mas complexas no meio interestelar, também foram identificadas pelo telescópio.
Formação de exoplanetas
Esses compostos congelados são importantes para a formação de exoplanetas potencialmente habitáveis, podendo conter elementos como carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio e enxofre (“CHONS”, na sigla em inglês), que podem formar atmosferas e aminoácidos simples.
Além disso, moléculas prebióticas congeladas mais complexas que o metanol também foram encontradas na nebulosa. Pela primeira vez, os pesquisadores comprovaram que moléculas desse tipo são formadas antes da concepção das estrelas.
Essa descoberta é a mais abrangente em relação a compostos congelados que constituem nebulosas formadores de novas estrelas e planetas. Após a formação de estrelas, essas moléculas congelas se agrupam em discos de acreção. A partir daí, elas começam a se juntar e formam exoplanetas.
Segundo o astrônomo brasileiro Will Robson Monteiro Rocha, pós-doutorando na Universidade de Leiden (Holanda) e coautor da pesquisa, publicada recentemente na revista científica Nature Astronomy, a descoberta indica que vários sistemas planetários que se formaram a partir da nebulosa Camaleão I terão em sua composição moléculas complexas congeladas como o metanol.
Isso pode significar que a presença de moléculas prebióticas em sistemas planetários é um resultado comum da formação estelar, ao invés de ser uma característica única do Sistema Solar
Wiil Rocha, em declaração ao site ESAWebb
Elementos essenciais
Por meio dessa pesquisa, os cientistas também puderam estimar a quantidade de enxofre a partir do sulfeto de carbonila congelado detectado nos grãos da nuvem. A quantidade dessas moléculas na nebulosa é maior do que outras já observadas, mas menor do que os astrônomos esperavam, assim como a quantidade de outros elementos leves.
No entanto, esses elementos podem não ter sido vistos, por estarem no meio do gelo, de rochas ou matéria mais leve.
O fato de que ainda não vimos todos os CHONS que esperávamos pode indicar que eles estão presos em materiais mais rochosos ou suaves que não conseguimos medir
Melissa McClure, astrônoma do Observatório de Leiden e principal autora do estudo
Fonte: Olhar Digital
Comentários