Em uma coletiva de imprensa realizada na manhã desta terça-feira (14), arqueólogos anunciaram a descoberta de um templo que data da época medieval na cidade de Utrera, na Espanha. A construção é uma sinagoga que permaneceu em pé mesmo após a expulsão dos judeus do país, em 1492.
De lá pra cá, a construção já abrigou de tudo, desde hospitais até mesmo um pub. Segundo o prefeito da cidade, José María Villalobo, que também estava na coletiva, o edifício se manteve em pé justamente porque teve vários usos ao longo dos séculos:
Descoberta do templo perdido
O templo perdido já era conhecido desde 1604, quando Rodrigo Caro, padre, poeta e historiador local, escreveu sobre a região central da cidade e as pessoas que viviam no local.
A comprovação dos registros do padre foi feita no final do ano passado em uma busca que durou quase dois anos, liderada pelo arqueólogo Miguel Ángel de Dios. As primeiras partes descobertas foram o local da Arca de Torá e o salão de orações da antiga sinagoga. O prefeito definiu a descoberta como extraordinária:
Até agora, havia apenas quatro desses edifícios em toda a Espanha – dois em Toledo, um em Segóvia e um em Córdoba. Este é um edifício excepcional que faz parte de Utrera e faz parte da vida de seus habitantes há 700 anos. Este edifício nasceu em 1300 e chegou ao século XXI
José María Villalobo
A propriedade em que a sinagoga se encontra já havia sido comprada há quatro anos pelo poder público por 460 mil euros. Villalobo acredita que a descoberta pode ser uma oportunidade para resgatar a história da cidade, assim como atrair turistas e pesquisadores. Muitos segredos ainda podem ser descobertos com as pesquisas.
Resgate da história
Além de ser um tesouro arquitetônico para a cidade de Utrera, o antigo templo também é um resgate da história dos judeus que viviam no local mais de 500 anos atrás.
Além do valor patrimonial – este é um edifício com uma história importante que já foi uma sinagoga – o que me deixa mais feliz é saber que podemos recuperar uma parte muito, muito importante não apenas da história de Utrera, mas também da história da Península Ibérica. A história dos judeus sefarditas foi praticamente apagada ou escondida por muito tempo.
Miguel Ángel de Dios
Em 2015, o governo espanhol promoveu ações para resgatar o passado judaico no país. Foi aprovada, por exemplo, uma lei que concede cidadania aos descendentes dos judeus que foram expulsos da Espanha. Cerca de 130 mil pessoas entraram com processo de solicitação.
O arqueólogo Miguel Ángel de Dios acredita que a sinagoga pode ajudar os espanhóis a entenderem mais sobre seu passado. A abertura do templo ao público deve acontecer ao mesmo tempo em que os trabalhos arqueológicos têm sequência no local.
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Fonte: Olhar Digital
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