Para quem vem acompanhando a saga de um astronauta da NASA e dois cosmonautas russos que estão “presos” na Estação Espacial Internacional (ISS) desde que o veículo que os traria de volta à Terra sofreu um vazamento, uma boa notícia: a Rússia acaba de lançar a missão Soyuz MS-23, que tem como principal objetivo resgatar o trio.

Da direita para a esquerda: Frank Rubio, astronauta da NASA, e seus companheiros russos da missão Soyuz MS-22 Sergey Prokopyev e Dmitri Petelin. Imagem: Roscosmos

De acordo com o site Space.com, o lançamento foi bem-sucedido. A cápsula decolou como cargueiro, levando suprimentos para a ISS, no topo de um foguete Soyuz-2.1a, às 21h34 (pelo horário de Brasília) desta quinta-feira (23), a partir do Cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, conforme o planejado.

Um passeio perfeito para a órbita para o veículo que trará para casa Frank Rubio, Sergey Prokopyev e Dmitry Petelin

Rob Navias, porta-voz da NASA, durante a transmissão ao vivo do evento feita pela agência.

A ancoragem no laboratório orbital deve ocorrer às 10h da manhã de sábado (25), também com transmissão em tempo real no site da NASA TV, pelo app e no canal oficial no YouTube.

Relembre o caso:

Vazamento detectado na cápsula Soyuz MS-22, da Rússia, em 14 de dezembro de 2022. Imagem: NASA TV

Turbulências que antecederam o lançamento da missão Soyuz MS-23

O agendamento para o lançamento da Soyuz MS-23 teve alguns tropeços. No início, a espaçonave estava programada para voar uma missão normal de substituição de tripulação no fim de junho.

Diante da situação ocorrida com a cápsula Soyuz MS-22, a Roscosmos (agência espacial russa) optou por adiantar o envio da nave MS-23, lançando-a sem tripulação, para ter espaço para três assentos completos para a tripulação da Soyuz MS-22 presa na ISS. 

Em vez de pessoas, a espaçonave está carregando 945 quilos de suprimentos e um ursinho de pelúcia que vai servir como um indicador de microgravidade.

Ursinho de pelúcia dentro da nave espacial Soyuz MS-23 atuando como um indicador de microgravidade. Ao fundo, é possível ver os pacotes de suprimentos lançados para a Estação Espacial Internacional. Crédito: NASA TV

Originalmente marcado para a última segunda-feira (20), o lançamento foi suspenso para que os técnicos pudessem concluir as investigações sobre o vazamento da nave Soyuz MS-22. Além disso, mais um vazamento foi detectado em outra espaçonave russa ancorada na ISS, desta vez, um cargueiro de suprimentos. 

Por essa razão, a princípio, a Roscosmos programou o lançamento da Soyuz MS-23 para março, a fim de verificar se os dois incidentes teriam alguma relação. Ao entender que os dois vazamentos não estavam ligados e foram causados por impactos distintos de meteoroides, a agência conseguiu reagendar o voo de resgate para esta semana.

A cápsula de carga, chamada Progress 82, foi desacoplada do laboratório orbital na noite de quinta-feira (16), para os técnicos tocarem, aqui da Terra, as investigações acerca do vazamento.

No caso da nave Soyuz MS-22, isso não pôde ser feito tão de imediato, já que o veículo precisou se manter atracado à ISS para o caso de alguma situação emergencial forçar a evacuação da estação e os astronautas precisarem dela para voltar para a Terra (mesmo danificada).

Plano B para evacuação emergencial

A nave não foi considerada segura o bastante para trazer os astronautas de volta à Terra, exceto, no caso de uma emergência a bordo da estação. Se uma evacuação se fizesse necessária antes da chegada da cápsula MS-23, Prokopyev e Petelin voltariam para casa na própria MS-22.

Já Rubio, retornaria à Terra em uma cápsula Dragon da SpaceX, junto com outros quatro astronautas, com a transferência de um assento da MS-22. Isso porque ter uma terceira pessoa dentro da Soyuz sem líquido de arrefecimento durante a passagem ardente pela atmosfera do nosso planeta era considerado arriscado.

Segundo informado por um comunicado da NASA, a cápsula Endurance (que levou os astronautas da missão SpaceX Crew-5 ao espaço) seria modificada em órbita para transportar um astronauta extra de volta para a Terra, caso fosse necessário.

Um ano na Estação Espacial Internacional

Inicialmente, os três astronautas da missão Soyuz MS-22 ficariam seis meses morando e trabalhando na ISS – ou seja, eles voltariam para casa em março. Agora, isso deve acontecer seis meses mais tarde. Em razão disso, eles vão passar em torno de um ano no laboratório orbital.

O plano é que Frank, Dimitri e Sergey continuem a bordo por mais um tempo até voltarem para casa, provavelmente no fim de setembro

Dina Contella, gerente de integração de operações da ISS na NASA, durante uma coletiva de imprensa no mês passado.

E por que isso? Pelo fato de que, como dito, a próxima Soyuz será lançada sem tripulação para trazê-los para casa. Se Rubio, Prokopyev e Petelin retornassem à Terra em março nesse veículo, a ISS ficaria com falta de pessoal até que uma nova missão Soyuz tripulada pudesse ser preparada para a decolagem.

Embora a missão Crew-6, da SpaceX, esteja programada para ser lançada no dia 26 deste mês, levando mais quatro astronautas para a ISS, os tripulantes da Crew-5 já vão retornar à Terra alguns dias depois disso.