Um novo supercomputador deve revolucionar o modo como a previsão de tempo e clima é feita no Brasil. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) vai lançar um edital de licitação para compra de uma máquina para ampliar essa capacidade, oferecendo maior precisão de dados.
Quanto vai custar: R$200 milhões, em quatro parcelas de aproximadamente R$50 milhões cada (dinheiro já reservado para isso).
Quando chega: A previsão é de que o primeiro módulo seja instalado até novembro deste ano.
Quando vai estar completo: Estima-se que a máquina esteja totalmente montada até 2026.
Por que é importante: O atual computador do Inpe, Tupã, responsável pelas medições, está defasado, contendo peças que não existem mais para substituição, dificultando a manutenção. Uma nova supermáquina deve ser capaz de aprimorar as previsões e permitir exatidão com 24 a 72 horas de antecedência e até mesmo sazonais.
É como se a gente saísse de uma calculadora para um laptop de última geração
Gilvan Sampaio, coordenador-geral de Ciências da Terra do Inpe, ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
Novo modelo numérico de previsão do tempo
De acordo com uma reportagem de Carlos Madeiro, colunista do UOL, o dinheiro para aquisição do módulo inicial já está disponível: ao todo, serão investidos R$200 milhões do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).
Além da aquisição do novo supercomputador, um novo modelo numérico para previsão de tempo e de clima, chamado Monan, está em desenvolvimento pela comunidade científica brasileira, sob comando do Inpe.
A nova máquina deve chegar ao Brasil no segundo semestre de 2023, sendo colocada em operação até novembro. O supercomputador deve estar totalmente instalado até 2026, em quatro etapas anuais.
Segundo o Inpe, a primeira das quatro parcelas do fundo para compra do primeiro módulo, no valor de R$47,5 milhões, já está na conta da Fundação de Ciência, Aplicações e Tecnologia Espaciais (Funcate), ligada ao órgão, desde o fim do ano passado.
Adeus, Tupã!
Há, pelo menos, seis anos, começou a ser discutida a necessidade de um novo supercomputador para esse fim, quando cientistas do Inpe cobraram do governo federal a aquisição para aposentar o atual Tupã.
Dotado de tecnologia capaz de fazer cálculos e equações mais complexas, o novo supercomputador deve produzir respostas mais precisas sobre eventos meteorológicos e climáticos, como chuvas intensas e episódios de secas, por exemplo.
“Poderemos fazer uma previsão de metros, com alto grau de detalhamento e capaz de apontar quando vai começar e que horas vai parar uma chuva”, disse Sampaio, acrescentando que o novo computador vai recolocar o Brasil no primeiro mundo da área.
Mesmo com apenas um módulo inicialmente, a supermáquina, segundo Sampaio, já será “muitíssimo superior” a qualquer outra existente no Brasil dedicada à previsão do tempo, suprindo, logo nesse primeiro momento, todas as necessidades. “Como teremos aportes de mais três parcelas de aproximadamente R$50 milhões, cada ano vamos adquirir mais módulos e aumentar a capacidade dele com o tempo”.
Instalado no Inpe em 2010, o Tupã poderá ser, então, finalmente aposentado, após 13 anos de operação. Com uma variedade de componentes, ele vem tendo uma série de problemas há tempos, estando defasado e apresentando dificuldades de manutenção (tendo em vista que o modelo parou de ser fabricado há quase seis anos). Por ele ser antigo, não existem mais peças para eventuais substituições, por exemplo.
Além disso, o Tupã tem alto consumo de energia, com gasto de R$7,2 milhões por ano. Com o novo supercomputador, o custo de consumo de energia vai cair de forma significativa, pois, além de mais moderno e econômico, ele será abastecido por uma planta de energia solar. Sampaio acredita que deva ser o primeiro supercomputador do mundo abastecido dessa forma.
Previsões precisas com mais antecedência
Precisamos de modelos com maior resolução espacial e que considerem a mancha urbana, áreas desmatadas e topografia mais detalhadas. Para isso, é preciso ter supercomputadores
José Antônio Marengo, coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden)
De acordo com o meteorologista Humberto Barbosa, os supercomputadores são alimentados por informações de tempo e clima para modelar as equações matemáticas e físicas. “Eles modelam bilhões de equações por segundo e alcançam 80%, 90% de exatidão nos locais do mundo onde são usados”.
É preciso, no entanto, segundo Barbosa, ampliar a rede nacional de captação de dados para fornecer mais informações. “Você precisa dar ao supercomputador as condições da atmosfera. São dados de estações, de radiossondagens, dos oceanos, de temperatura, da pressão, do vento”.
Ele explica que é esse conjunto que fará a nova máquina gerar previsões com 24 a 72 horas de antecedência – e mesmo sazonais, com até três meses.
Fonte: Olhar Digital
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