O crânio de uma mulher do povo lombardo que data do início da Idade Média, encontrado na Itália, chamou a atenção de pesquisadores. Tudo por conta de uma incisão na forma de cruz que indica que ela passou por duas cirurgias de craniotomia e na segunda delas provavelmente ela não sobreviveu.
A marca da primeira craniotomia é uma grande incisão de cruz no topo da cabeça da mulher, o que indica que boa parte do seu couro cabeludo foi puxado para trás a fim de permitir a cirurgia, a outra é uma raspagem realizada na testa.
Supomos que este indivíduo morreu de patologias que podem estar relacionadas com a sua condição, mas não temos certeza sobre o motivo.
Ileana Micarelli, autor do estudo, em resposta a à LiveScience
A primeira das cirurgias provavelmente aconteceu no máximo três meses antes da morte da mulher devido a cicatrização incompleta de um osso oval no topo do crânio, na incisão de cruz.
No entanto, o vestígio da segunda cirurgia mostra uma raspagem que não atravessa o crânio todo e não existe processo de cicatrização O que indica que provavelmente ela morreu antes da cirurgia finalizar.
As causas do que levou a mulher lombarda a passar por essas duas cirurgias dolorosas ainda são desconhecidas, mas os cientistas têm sugestões. Dois abscessos encontrados na mandíbula superior do crânio podem ter espalhado uma infecção para o cérebro.
O povo lombardo e a descoberta do crânio
O crânio da mulher foi encontrado em um cemitério no Castel Trosino, durante escavações do século 19. Outras centenas de restos mortais foram encontrados no local, mas apenas 19 crânios sobreviveram.
O Castel Trosino foi uma fortaleza dos povos lombardos que invadiram e se estabeleceram na Itália por volta do séculos 6 e 8, após a queda do império romano. A recente pesquisa realizada no crânio aponta que provavelmente, se tratava de uma mulher rica. No entanto, a falta do restante do corpo dela não permite que uma análise mais completa seja realizada.
Mas a análise também não mostra razões para que a mulher tenha se submetido aos procedimentos voluntariamente, já que elas provavelmente foram extremamente dolorosas.
Cirurgia antiga
Registros de craniotomia já foram encontrados em todos os continentes e trata-se uma prática antiga e conhecida, podendo ter acontecido pela primeira vez a milhares de anos atrás. A trepanação geralmente era usada para aliviar um trauma no crânio, mas possivelmente também possuía uma tradição ritualística em alguns locais.
Apesar disso, arqueólogos não envolvidos na pesquisa não acreditam que o crânio da mulher lombarda realmente passou por duas trepanações, mas sim tentativas de raspar o osso infectado.
Eu [nunca] vi uma trepanação como esta, se é que é realmente uma trepanação. Este é um caso complexo com vários cenários possíveis para explicar a reação óssea.
Kent Johnson, bioarqueólogo.
Fonte: Olhar Digital
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