As mudanças climáticas têm alterado toda a dinâmica da vida no planeta. Uma das maiores preocupações é que o aumento das temperaturas ponha fim às geleiras da Terra. Mesmo controlando o aumento em 2° C, as camadas de gelo da Antártica e da Groenlândia podem sofrer um destino trágico e irreversível.
No último século o nível global do mar já subiu em média cerca de 20 centímetros. Segundo o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, em um debate no Conselho de Segurança em Nova York, caso o ritmo do aquecimento global não freie, uma a cada dez pessoas estarão em risco direto devido ao aumento do nível do mar.
Para as centenas de milhões de pessoas que vivem em pequenos estados insulares em desenvolvimento e outras áreas costeiras baixas em todo o mundo, o aumento do nível do mar é uma torrente de problemas. Nós testemunharemos um êxodo em massa de populações inteiras em escala bíblica
Antonio Guterres
Derretimento mais rápido
Agora um grupo de cientistas em uma publicação recente da Nature Communications apontou que o ponto irreversível do degelo das calotas polares está mais próximo do que esperávamos. Eles pontuam que o derretimento do gelo afeta os processos oceânicos e que, em um ciclo, alteram as camadas de gelo e a atmosfera. No entanto, esse fator quase nunca é levado em conta nas simulações.
Quando o gelo derretido, seja ele das geleiras terrestres ou das calotas polares, chega ao oceano, ele acaba parando na superfície da água. Isso impede a troca de calor do mar e aumenta as temperaturas do subsolo e acaba por refletir em mais derretimento de gelo na Antártica.
As consequências desse fenômeno já são observáveis, como a chuva na Groenlândia e flutuações de gelo derretido na Antártica. Segundo os pesquisadores, esse fenômeno acarreta mudanças irreversíveis a 1,8° C e apenas mantendo o aumento da temperatura em 1,5° C é que o rápido degelo seria evitado.
Se não tomarmos nenhuma atitude, o recuo das camadas de gelo continuará a aumentar o nível do mar em pelo menos 100 centímetros nos próximos 130 anos isso se somaria a outras contribuições, como a expansão térmica da água oceânica
Axel Timmermann, físico climático e coautor do estudo, em resposta a Science Alert
Outros fatores
No entanto, a pesquisa recente não leva em consideração outros fatores ecológicos que podem alterar a temperatura dos oceanos e ocasionar o derretimento das calotas polares, os impactos de correntes costeiras estreitas.
É crucial que desenvolvimentos como o deles sejam incluídos em nossos modelos climáticos de última geração. Embora mais trabalho precise ser feito para reduzir a incerteza em projeções como essas, este estudo mostra claramente a importância de tomar medidas rápidas para reduzir as emissões antropogênicas de gases de efeito estufa o mais rápido possível para minimizar os riscos associados à perda das principais camadas de gelo.
Robin Smith, cientista atmosférico não envolvido no estudo
Fonte: Olhar Digital
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