Após reunião técnica realizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) com os fabricantes das pomadas modeladoras que causaram irritação ocular em diversas pessoas, a agência apontou que as declarações de alguns representantes levantaram “questionamentos sobre eventual aspecto discriminatório e racista”. 

Segundo a reguladora, empresas associaram os casos de reação a uma suposta prática dos usuários “de não lavar os cabelos trançados por diversos dias”. Em nota, a Anvisa chamou atenção para as falas e se posicionou contra discursos racistas. 

A Anvisa refuta e abomina qualquer forma de discriminação, em especial o racismo. Como instituição pública, a Agência está comprometida com a proteção e a promoção da saúde da população, considerando o acolhimento das diversidades de povos, etnias e culturas que compõem o Brasil. 

Anvisa

Imagem: shutterstock/Okrasiuk

O que aconteceu? 

Sobre o desfecho da reunião, alguns fabricantes ainda alegaram que os eventos ocorridos estão restritos apenas ao uso para trançar cabelos. A agência destacou que, até o momento, não há dados que indiquem que o problema seja provocado por alguma forma específica de uso dos produtos.  

“Portanto, não há alegações técnicas de que os eventos adversos graves estejam relacionados ao uso por pessoas negras e mais especificamente à prática de trançar cabelos.”  

Como os casos ainda estão sendo investigados, a Anvisa não divulgou o nome de substâncias específicas que podem estar presentes nos produtos. A reunião contou com 400 participantes e a reguladora também está mantendo o nome das fabricantes em sigilo. A investigação sobre os casos de irritação vai até maio.