Para cientistas, a missão DART, que desviou o asteroide Dimorphos de sua rota original antes de DART colidir com Dimorphos em 26 de setembro, os cientistas sabiam muito pouco sobre o tamanho, forma ou composição do asteroide.

Seis meses depois, eles têm a visão mais clara de todo o seu corpo, com 177 metros de largura. “Sinto que [Dimorphos] parece um peixe feliz nadando para a esquerda com o nariz meio apontado para cima”, disse Carolyn Ernst, cientista planetária do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins (APL), sobre um novo mosaico de alta resolução de Dimorphos, liberado na segunda-feira (13) na 54ª Conferência de Ciências Lunares e Planetárias (LPSC), realizada no Texas, EUA.

O mosaico foi montado usando as dez imagens finais enviadas para casa pela Didymos Reconnaissance and Asteroid Camera for Optical Navigation (DRACO), a câmera a bordo do DART que tirou foto de Dimorphos a cada segundo durante as últimas quatro horas antes do impacto.

“Sabia que as imagens finais seriam espetaculares e, de alguma forma, elas conseguiram superar minhas expectativas”, disse Nancy Chabot, cientista planetária do APL. Chabot creditou o sucesso da missão à colaboração de grande equipe, que incluía cientistas de 100 institutos em 28 países em todo o mundo.

O impacto do DART reduziu o tempo que Dimorphos leva para orbitar seu companheiro asteroide maior, Didymos, em 33 minutos, para 11 horas e 23 minutos. Para chegar a esse número, os cientistas estudaram o sistema binário de Didymos usando telescópios localizados em todos os sete continentes.

Mais de 259 mil imagens tiradas pela DRACO estão agora disponíveis online como parte do Sistema de Dados Planetários da NASA. Essas imagens mostram alguns dos 1 milhão de quilos de material ejetado de Dimorphos pelo impacto e revelam que a superfície do asteroide está coberta por rochas de vários tamanhos, ajudando os pesquisadores a confirmar que o asteroide é uma pilha de escombros.

Usando esses dados, os cientistas reconstruíram os momentos finais do DART, incluindo a própria colisão. O local de impacto da sonda tinha 66 centímetros de largura, de acordo com Ernst.

Isso é menor que a seção transversal do DART, então, o rastreador estelar saindo da parte inferior da sonda provavelmente foi a primeira peça a ser atingida.

Microssegundos depois, os painéis solares do DART atingiram uma das rochas de Dimorphos, mas não houve tempo para uma parte da espaçonave se comunicar com as outras sobre o choque, disse Ernst.

Os cientistas também anunciaram que os nomes de cinco características na superfície de Dimorphos foram aceitos pela União Astronômica Internacional (IAU), autoridade que atribui nomes a objetos celestes.

Algumas das novas pesquisas apresentadas incluíram os momentos finais do DART e observações do Hubble das formações ejetadas e da cauda. Essas descobertas, publicadas em 1º de março, destacaram a missão como a primeira a observar não uma, mas duas caudas crescerem de Dimorphos (anteriormente, os astrônomos avistaram asteroides com caudas, mas nunca haviam visto uma forma).

O Telescópio Espacial Hubble continuará as observações até que Didymos chegue muito perto do Sol para ser observado com segurança, o que acontecerá no início de julho.

Os cientistas também disseram que o DART criou cratera de 40 m a 60 m de largura quando mergulhou entre duas pedras – Atabaque e Bodhran – em Dimorphos.

Todo o momento foi testemunhado pelo LICIACube (abreviação de “Light Italian Cubesat for Imaging of Asteroids”), satélite de 14 quilos, menor que uma caixa de sapatos, que pegou carona no DART e se afastou a distância segura duas semanas antes do impacto. O dispositivo registrou tudo o que viu, incluindo o flash brilhante logo após a colisão do DART em Dimorphos.

“Do ponto de vista científico, é realmente um tesouro”, disse Maurizio Pajola, cientista planetário do Instituto Nacional Italiano de Astrofísica e parte da equipe científica do LICIACube.

Pela “excelente contribuição” do DART para o campo espacial, a equipe da missão recebeu o prêmio Nelson P. Jackson Aerospace 2023 do National Space Club and Foundation no início de março.

O conhecimento adquirido até agora com o sucesso do DART é crítico, mas ainda não é suficiente para entender o impacto da missão no contexto mais amplo da defesa planetária, disseram os cientistas.

A aplicação de técnica semelhante de “impacto cinético” a um perigo provocado por asteroide diferente exigirá muito mais pesquisas, e estudos em andamento sobre como o ejeto resultante evoluirá e se comportará desempenharão papel importante, disseram.

Usando todos os dados enviados pelo DART e outras que estão sendo coletados por telescópios terrestres, os cientistas esperam entender melhor o que esperar quando a espaçonave Hera da ESA (Agência Espacial Europeia) atingir o sistema Didymos-Dimorphos em 2026.

Com informações de Space.com

Imagem destacada: NASA/Johns Hopkins APL