A Grã-Bretanha deve anunciar a proibição do TikTok em celulares do governo em breve, colocando o Reino Unido em linha com os EUA e a Comissão Europeia e refletindo a deterioração das relações com Pequim.

A decisão marca revés em relação à posição anteriormente inerte do Reino Unido, mas alguns críticos e especialistas disseram que o país também deveria estender a proibição para cobrir telefones pessoais usados por ministros e autoridades – e até mesmo considerar proibição total, como nos EUA.

Um anúncio é esperado do gabinete do governo potencialmente até esta quinta-feira (16), disseram fontes, e segue revisão oficial envolvendo o Centro Nacional de Segurança Cibernética do governo, e proibições semelhantes anunciadas pela Comissão Europeia no mês passado e os EUA nas últimas três semanas.

Na segunda-feira (13), o primeiro-ministro, Rishi Sunak, indicou que estava pensando em seguir o exemplo, dizendo que tomará “quaisquer medidas necessárias” para proteger a segurança da Grã-Bretanha.

O primeiro-ministro disse que o Reino Unido estava “olhando para o que nossos aliados estão fazendo”, após relatos iniciais de que uma proibição seria recomendada no fim de semana.

Pelo menos dois ministros usam o TikTok. Michelle Donelan, ministra de ciência e tecnologia, e Grant Shapps, secretário de segurança energética e net zero, também têm conta no aplicativo usado por milhões de jovens, uma série de celebridades e outros influenciadores.

Até recentemente, o Reino Unido não estava de olho no TikTok, com oficiais de inteligência argumentando que era essencialmente para entretenimento. Jeremy Fleming, o chefe do GCHQ, disse, em outubro, que encorajaria os jovens a usar o TikTok, mas disse que os faria “pensar sobre” como seus dados pessoais são usados.

Os receios parecem estar centradas em preocupações de longa data sobre lei de segurança nacional de 2017 na China, que exige que organizações e cidadãos “apoiem, ajudem e cooperem com o trabalho de inteligência do Estado”. Ela foi citada no passado para justificar a proibição do kit Huawei no Reino Unido e outras redes de telecomunicações 5G.

O TikTok disse, nesta semana, que ficaria “desapontado” se o Reino Unido vetasse o aplicativo em telefones oficiais. Referindo-se a proibições do app em dispositivos em outros países, disse: “Decisões semelhantes […] foram baseadas em medos equivocados e aparentemente impulsionados por geopolítica mais ampla, mas continuamos comprometidos em trabalhar com o governo para resolver quaisquer preocupações.”

Charles Parton, especialista em China com 22 anos de experiência no Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido e trabalhando com os chineses, disse achar que qualquer proibição deveria ser estendida para cobrir ministros e autoridades em seus telefones pessoais.

Tudo isso se deve à falta de uma cultura de segurança. Nos dias de União Soviética, havia reconhecimento geral de que algumas coisas tinham que ser proibidas. Mas a China, embora seja ameaça maior de longo prazo à nossa segurança, prosperidade econômica, valores e dados, não é vista da mesma forma. Deveria ser.

Charles Parton, especialista em China

Nesta semana, o Reino Unido publicou sua Revisão Integrada de Defesa e Política Externa e endureceu ligeiramente sua linguagem em relação à China, descrevendo o país como “desafio que define uma época” – enquanto se recusa a chamá-lo de ameaça como alguns, incluindo a predecessora de Sunak, Liz Truss, fez.

A embaixada da China em Londres acusou o Reino Unido de entender mal suas intenções, argumentando que “para todos os países, a China é uma oportunidade que define uma época, não um desafio. A China está comprometida com o caminho do desenvolvimento pacífico”.

O TikTok, de propriedade da empresa chinesa ByteDance, está se esforçando para convencer os legisladores de ambos os lados do Atlântico de que pode abordar as preocupações com segurança de dados e acesso ao seu algoritmo de recomendação, que seleciona o que seus mais de 1 bilhão de usuários veem no aplicativo.

Com informações de The Guardian

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