Os números associados às crises de ansiedade e burnout não param de crescer. De acordo com dados do relatório de ‘Tendências Globais de Talentos’ (2022), 81% dos profissionais em atividade laboral — em uma amostra de 10.900 entrevistados, atuantes em 16 países — afirmam estar à beira do burnout.
Resultante do estresse crônico no local de trabalho que não foi gerenciado com sucesso, a síndrome de burnout já tem classificação CID-11(Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde) desde janeiro de 2022, se tornando uma preocupação das empresas, gestores e autoridades globais. Caracterizada como um estado de exaustão, os principais indícios são:
Segundo dados da ‘Future Forum’, consórcio de pesquisa apoiado pela Salesforce, aproximadamente 40% dos profissionais que atuam hoje em funções administrativas ou gerenciais estão se sentindo esgotadas. Apresentando uma crescente, a pesquisa — realizada trimestralmente — revelou em seu último relatório um aumento de 2% em comparação ao resultado anterior, alcançando valor recorde desde o início da série.
Profissões de maior estresse
Quando analisamos o mercado, entre as atividades com menor índice de bem-estar, segundo dados do ‘Índice de Bem-estar Corporativo’, da plataforma Zenklub, os profissionais atuantes nos setores farmacêutico, saúde, automotivo, educação e financeiro são os que se sentem mais esgotados — perfil que se consolidou ainda mais na pandemia.
De acordo com o estudo, para ser considerado um ambiente saudável, é preciso que o monitor apresente o mínimo de 78 pontos, número não alcançado por nenhum setor analisado. Quando recortamos nossa amostra e avaliamos o setor de tecnologia, o indicador alcança o primeiro lugar do IBC e aponta 71,5 pontos, garantindo a liderança entre os 12 setores analisados.
Apesar do primeiro lugar, segundo o relatório ‘The Evolution of Burnout’, realizado pela Blind (Brand Strategy Design Consultancy), 73% dos profissionais de TI se sentiam esgotados após a pandemia. Com uma amostra de 6.789 profissionais de grandes empresas, o relatório revelou que as principais causas de esgotamento e ansiedade se referem à falta de segurança no emprego, carga de trabalho incontrolável e ausência de controle sobre o seu trabalho.
Big techs
Considerada uma atividade de grande stress, principalmente pelo contexto acelerado de transformações que acontecem no setor, o ambiente agressivo e de alta concorrência das big techs tem potencializado essa onda de exaustão e burnout — fato amplificado com as grandes ondas de demissão que atingem operações em todo o mundo.
Preocupados com o futuro do trabalho, grandes empresas já implementaram em suas políticas internas iniciativas e atividades que promovem bem-estar, cuidado e pertencimento com seus colaboradores. Entre as ações, estão:
O futuro
As organizações estão atentas ao impacto na produtividade do colaborador, associado à imagem que transmitem para a sociedade.
A questão é que, apesar dos avanços empresariais nos cuidados com a saúde, o cenário para o futuro não é animador. Com previsão de que as novas formas de trabalho remoto perpetuem pelos próximos anos, há um desafio em encontrar eficiência e qualidade de vida, mantendo a coerência entre discurso e prática nas ações corporativas.
Não adianta oferecer remédio, quando se desconsidera a origem da doença. As organizações precisam repensar suas estruturas de trabalho e, acima de tudo, reconhecer a importância do papel da liderança no desenvolvimento de equipes — no que se refere às habilidades sociais e relações interpessoais, características humanas indispensáveis em um cenário cada vez mais preenchido pela tecnologia.
Imagem: Shutterstock
Fonte: Olhar Digital
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