Um novo treinador português vai desembarcar no futebol brasileiro. Pepa, de 42 anos, é a aposta de Ronaldo Fenômeno para assumir o Cruzeiro, após a saída do uruguaio Paulo Pezzolano. Ex-atacante, Pepa se tornou mais reconhecido em Portugal como técnico, pelos trabalhos que fez em clubes pequenos e médios do país, tão bons que se tornou “grande demais” para seguir na liga local, a não ser que desse o passo para os principais clubes portugueses, oportunidade que ainda não lhe sorriu.
A confirmação da contratação de Pepa aconteceu na tarde desta segunda-feira (20). Ele será o oitavo português no futebol brasileiro, se juntando a Abel Ferreira (Palmeiras), Vitor Pereira (Flamengo), Renato Paiva (Bahia), Ivo Vieira (Cuiabá), António Oliveira (Coritiba) e Pedro Caixinha (Red Bull Bragantino).
“Aqui em Portugal, pelo trajeto que ele (Pepa) fez, só faria sentido em um dos quatro clubes principais: Benfica, Porto, Sporting ou Braga. Mas, não são tantas as oportunidades que surgem. Apesar de nem todos clubes estarem bem, não se prevê que algum vá mudar de treinador na próxima temporada. Por isso, o Pepa, que está sem trabalhar desde janeiro e só tinha a opção de ir para o exterior”, afirmou Luís Rocha Rodrigues, jornalista do site zerozero, parceiro de oGol.
Pepa, que na verdade se chama Pedro Miguel, e deixou Portugal ao final da última temporada. O treinador levou o Vitória de Guimarães à disputa da Conference League, com um sexto lugar, o que no contexto local foi considerado bom, mas saiu do clube em meio à desavenças com a diretoria. O destino escolhido foi a Arábia Saudita, onde teve um trabalho curto no Al-Tai, finalizado de maneira precoce após uma estranha demissão via Twitter.
Apesar das demissões nos dois últimos trabalhos, Rodrigues explica que Pepa sempre conseguiu cativar um elemento importante: a torcida. Conhecido como um ex-jogador que não se tornou tudo que esperava dele, cria do Benfica e com problemas disciplinares, Pepa “amadureceu” e conquistou muitos por um “discurso apaixonante”, de quem fala com o “coração”, na opinião do jornalista.
“Apesar da grande torcida do Cruzeiro, acho que ele já tem conhecimento e capacidade para lidar com esse crescimento (de patamar na carreira). A maior questão, neste caso, é comum a todos treinadores portugueses que estão no Brasil: adaptação a um contexto competitivo completamente diferente. Viagens muito longas, jogos atrás de jogos e não há tempo para treinar. Em Portugal queixam-se que não há tempo para treinar, no Brasil é muito pior. Por isso, a exigência nesse aspecto vai ser muito maior”, completou.
Conhecido em Portugal como um treinador com estilo de jogo ofensivo, com a predileção por jogar com três atacantes, Pepa pode encontrar, no Cruzeiro, um time acostumado à essa formação atacante. Com Paulo Pezzolano, o time se acertou, no ano passado na disputa da Série B, com um 3-4-3, em que o trio de ataque foi a peça-chave para a histórica campanha na Série B – a melhor da Era dos Pontos Corridos.
“Pepa joga sempre quase em 4-3-3. Vez ou outra ele jogou com dois atacantes, mas se bem que sempre um mais a frente e outro mais atrás. A matriz dele não muda muito, é sempre essa ideia que ele passa. São equipes sóbrias, não são equipes de ficar à espera, também não são equipes de ficar o tempo todo com a bola. São equipes objetivas, que criam bastante oportunidades e o estilo de jogo é atrativo, mas eu acho que a parte mais positiva do Pepa é a mental. É um treinador que, quando chega, consegue mexer na cabeça dos jogadores. Ele consegue ter uma mensagem postiva e criar um bom vestiário. Mesmo não tendo, às vezes, as melhores condições em termos de contratações, ele sempre fez trabalhor melhores que os planteis que ele tinha”, disse Rodrigues.
O contexto do atual do Cruzeiro, de clube recém-promovido da segunda divisão e, por ora, sem grandes movimentações no mercado, também não seria uma novidade para Pepa. O treinador, além dos trabalhos reconhecidos por levar Vitória de Guimarães e Paços Ferreira para os torneios da Uefa, tem como principal trunfo sua passagem anterior, no Tondela.
“O Tondela era conhecido em Portugal como clube dos milagres, porque era a equipe que tinha menos dinheiro, contratava menos, estava no interior e afastada de tudo. Durante três anos, o Pepa sempre conseguiu atingir os objetivos, de manter sempre o clube na primeira divisão e, inclusive, conseguiu a melhor classificação da história do clube, mas enfim… Não são coisas sequer comparáveis. Ele sempre soube com pouco fazer mais. Agora, com o Cruzeiro, ele também parece que não vai ter muito nesse início, mas diria que ele tem todas as condições para fazer mais do que é esperado, sendo o maior desafio da carreira, porque ele sai da sua zona de conforto. Estava há dez anos ou mais trabalhando em Portugal, e sai desta realidade que ele tão bem conhece”, concluiu.
Fonte: Ogol
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