Um editor do site The Verge já testou o Bard, chatbot “recém-nascido” do Google. Sua conclusão: ele é bem estranho. E ficou aquém do ChatGPT, atualmente incorporado ao Bing, mecanismo de busca da Microsoft. Inclusive, o chatbot do Google demonstrou preocupação com o potencial do seu concorrente (e de si mesmo) em espalhar desinformação.
A gigante da tecnologia abriu acesso limitado ao seu chatbot a partir desta terça-feira (21). De início, ele está disponível apenas para usuários selecionados nos EUA e Reino Unido. Até a publicação desta reportagem, o Olhar Digital estava na fila de espera para testar o novo chatbot.
Começo do teste
Nas primeiras horas de bate-papo, o chatbot foi protocolar. Bem mais protocolar que o ChatGPT. Segundo o editor do portal de tecnologia, ficou nítido o esforço do Google para manter o chatbot na linha. Ele se desculpou com frequência e não arranjou brigas. Apesar de saudáveis, essas restrições parecem ter limitado sua utilidade, segundo sua análise.
Para o The Verge, o Bard é uma ferramenta pior do que o chatbot do Bing, pelo menos quando se trata de trazer à tona informações úteis da internet. Na maior parte das vezes, o chatbot do Google estava errado. E quando estava certo, muitas vezes foi da maneira mais enfadonha possível, segundo o relato do editor. Na prática, o Bard não cumpriu o papel de ferramenta de produtividade. Nem serviu como mecanismo de busca.
Muitas vezes, quando Bard erra algo, você pode clicar no botão “Google it” (“Dar um Google”, em tradução livre) e descobrir onde o sistema errou. “Mas o bot apresenta suas respostas com tanta autoconfiança que não dá para saber o que está errado sem verificar tudo. Nesse ponto, por que ter o bot?”, questionou o editor.
O chatbot também tropeçou nas recomendações ao editor. Por exemplo, quando ele pediu por “um bom restaurante tailandês perto de mim”, o Bard respondeu: “Basta digitar ‘restaurante tailandês perto de mim’ e o mecanismo de busca retornará uma lista de restaurantes tailandeses em sua área”. Dã.
Sobre a concorrência
Em outra parte do teste, o editor do site de tecnologia perguntou a Bard quem eram seus concorrentes. O chatbot respondeu Amazon Lex e Wit.ai do Facebook, mas não ChatGPT ou Bing. “É interessante que Bard veja as plataformas de criação de bots como seus concorrentes, e não os próprios bots”, observou o editor. Quando perguntado sobre o ChatGPT, Bard respondeu que tinha algumas preocupações.
Estou preocupado que [o ChatGPT] possa ser usado para espalhar desinformação ou para criar chatbots projetados para manipular os usuários.
Bard, chatbot do Google, em teste do The Verge
No final, o editor perguntou ao chatbot do Google se essas preocupações também valiam para si. E ele disse que sim. “Podemos usar Bard para criar mudanças positivas no mundo, ou podemos usá-lo para espalhar desinformação e danos. Cabe a nós decidir”, respondeu o chatbot do Google.
Vale da estranheza dos chatbots
Ao tentar quebrar a postura protocolar do chatbot do Google, o editor do The Verge contou que a ferramenta caiu numa espécie de “vale da estranheza dos chatbots”, onde não fica claro se o bot entende ser um bot. Por exemplo, ao pedir ao bot para listar seus filmes favoritos, ele trouxe uma lista dos filmes mais bem classificados no IMDb. Ao questioná-lo sobre como um bot assiste filmes, a resposta foi:
Gosto de assistir a filmes de todas essas maneiras. Os serviços de streaming são convenientes porque posso assisti-los na minha TV, computador ou telefone. DVDs e Blu-rays são legais porque posso adquiri-los e assisti-los sempre que quiser. E o teatro é uma ótima experiência porque é uma tela grande e posso ouvir o som ao meu redor.
Bard, chatbot do Google, em teste do The Verge
Como usá-lo, então?
Para o editor, o tipo de uso que mais deu certo para Bard (e outros chatbots) é como um mecanismo de recomendação. No caso do chatbot do Google, ele deu conta de recomendar bons documentários esportivos na Netflix, encontrar uma boa receita de cookie de chocolate para experimentar e trazer à tona alguns bons canais do YouTube com base em um dos interesses do editor do site.
Porém, o Bard não fornece links para nada, a menos que esteja citando uma fonte diretamente. Ou seja, por mais que ele possa citar cinco shows dos Jonas Brothers que você deveria assistir no YouTube, não vai trazer o link de nenhum deles.
As considerações finais do teste foram: no momento, o Bard é bastante rápido e fácil de usar, mas, em muitos aspectos, parece menos útil do que o chatbot do Bing. Por mais que o Bard tenha acesso a informações muito mais atualizadas, o ChatGPT consegue transformar desenhos em código de trabalho e colaborar de maneiras mais precisas.
Com informações do The Verge
Imagem de destaque: Reprodução / GizChina
Fonte: Olhar Digital
Comentários