Não é todo dia que temos um grande lançamento em hardware, de uma empresa conhecida por praticamente trabalhar somente com software. Foi o que aconteceu hoje (21), com a chegada do HoloLens 2 pelas mãos da Microsoft. Ele é um óculos de realidade mista e que promete ser ótimo em empresas.

Eu passei alguns minutos testando o HoloLens 2, que não tem nada de novo por estar no mercado internacional desde fevereiro de 2019 e conto minha experiência nos próximos parágrafos.

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Começando pelo produto em si, ele é caro até para uma empresa, mas o retorno acontece e ele não demora. No Brasil o custo pode beirar os R$ 58 mil se sua empresa escolher a versão industrial. Tania Brasil, presidente da Microsoft Brasil, comentou que a própria aparição nacional desse hardware é um investimento da gigante do software no Brasil.

Somos o segundo mercado da América Latina que recebe o HoloLens 2 e, mesmo com estas ressalvas, ele me pareceu bem acabado e robusto. O corpo é todo feito em plástico, indo até para a espécie de viseira que fica na frente e protege o local onde a projeção acontece. Falo sobre ela mais para frente.

HoloLens 2 tem oito câmeras

Microsoft HoloLens 2 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)
Microsoft HoloLens 2 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)

Na parte da frente ficam os componentes para a visão e isso inclui quatro câmeras de luz visível, duas apenas para infravermelho, sensor de profundidade ToF e ele é basicamente um Kinect, junto de uma câmera com oito megapixels e que grava vídeos em 1080p, em 30 quadros por segundo.

A ideia deste último sensor não envolve coletar imagens para o álbum das férias, mas sim auxiliar em chamadas de vídeo para que o outro lado da linha forneça informações para o trabalho. Na apresentação, a Microsoft chamou a Embraer e a empresa brasileira disse usar este recurso para guiar reparo e fabricação de aviões, enquanto a startup PBSF tem o uso voltado para reduzir sequelas neurológicas em recém-nascidos.

Os outros sensores e câmeras são utilizados para que o HoloLens 2 entenda o ambiente, seja o tamanho físico da sala ou então os objetos que estão nela e isso inclui os seus braços. Eles são os ponteiros do mouse e toda a entrada de comandos para interação com o objeto projetado.

Microsoft HoloLens 2 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)
Microsoft HoloLens 2 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)

Eu coloquei uma parte da interface em um canto e uma pessoa acabou obstruindo parte da projeção, que ficou como se estivesse por detrás dela. Eu tive que inclinar a cabeça para continuar vendo o conteúdo. Parece um problema, mas é um detalhe importante para imersão no que é apresentado.

Projeção é feita com laser

Tudo aparece nos olhos como um grande holograma, com densidade de 47 pixels por grau de visão. É resolução suficiente para ler textos pequenos, como os botões de programas feitos para o HoloLens 2. Aliás, detalhes menores de um motor, como velas injetoras de combustível, também estavam muito bem detalhadas – se não estiverem, você sempre pode aumentar o holograma projetado.

A projeção acontece com ajuda de laser, o que te dá dois pontos interessantes. O primeiro é a garantia de visibilidade em qualquer condição de luz, enquanto o segundo é a baixa precisão em cores. Quando eu coloquei o HoloLens 2 no rosto e vi a caixa com botões da interface, a sensação era de ter colocado óculos com lentes polarizadas antes de olhar a tela do celular.

Traduzindo: a tela fica colorida como um arco-íris, o mesmo acontece na projeção do HoloLens 2. De começo achei que meu óculos era o culpado, mas é o laser. Não que a projeção fique totalmente maluca, mas que você terá dificuldade de entender que o azul é realmente no tom esperado – o mesmo vale para outras cores.

As lentes são espelhos oscilantes

Mesmo assim, o conteúdo é claramente visível e ele pode ser enviado para uma tela externa onde as cores terão a precisão esperada. Na apresentação, um projetor mostrava tudo que eu estava vendo.

Microsoft HoloLens 2 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)
Microsoft HoloLens 2 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)

Voltando para as lentes, elas são um conjunto de espelhos que oscilam em uma taxa de 54 mil vezes por segundo e entregam a projeção nos olhos. Sério, não dá para notar que isso está acontecendo e seu cérebro entende que o óculos está parado.

Tudo isso, seja a projeção, a comunicação com outra tela, o Wi-Fi utilizado pelos óculos, é alimentado por bateria que fica na parte da nuca. A autonomia gira entre duas e três horas, dependendo do conteúdo projetado nas lentes e do trabalho tridimensional que o Windows precisa lidar.

Sim, o sistema operacional utilizado no HoloLens 2 é uma versão alterada do Windows 10 e que tem o sufixo Holographic. Ele conversa com os outros sensores, como o acelerômetro, giroscópio e magnetômetro, além do microfone de cinco canais, alto-falante e o chip Snapdragon 850, 4 GB de RAM, 64 GB de memória e porta USB-C.

Componentes ficam todos na parte traseira (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)
Componentes ficam todos na parte traseira (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)

O chip não é exatamente novo, foi lançado em junho de 2018 e é focado para o Windows 10 em dispositivos móveis. Ele lidou bem com todas as projeções, mas senti alguns engasgos quando um novo app era aberto.

O conjunto todo, mesmo alocado em um local sem ventoinha para resfriamento, não aqueceu durante o uso e nem pesou demais para ser desconfortável – são 566 gramas no total.

HoloLens 2: vale a pena?

Enfim, a experiência de uso do HoloLens 2 não está nem perto do que temos em um PSVR 2 da vida, mas ela está muito além do que você precisa em um ambiente corporativo, em uma fábrica, num consultório médico ou em qualquer outro local de uma empresa.

A projeção com laser é visível em qualquer condição de luz, a resolução permite a leitura de textos com clareza, detalhes pequenos são visíveis e o rastreio de mãos é extremamente preciso. Ele não confundiu meus braços em nenhum momento e ainda identificou os dois ao mesmo tempo.

Microsoft HoloLens 2 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)
Rastreio de olhos do HoloLens 2 com luz infravermelho (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)

Eu só senti falta de alguma experiência para uso do rastreio de olhos, feito a partir do reflexo de lâmpadas de infravermelho que estão no entorno das lentes, junto do reconhecimento de íris para identificar os usuários.