A meteorologista Renata Libonati, pesquisadora da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), criou a Alarmes. Por meio de IA (inteligência artificial), essa plataforma monitora incêndios florestais diariamente, a partir de imagens captadas por satélite.

De cara, o projeto busca resolver dificuldades enfrentadas por órgãos que fiscalizam e combatem incêndios florestais no Brasil. Mas também sustenta a posição de Renata sobre a universidade pública não estar descolada da realidade do país.

Como a ferramenta de IA funciona

Pesquisadora da UFRJ mostrando como plataforma Alarmes funciona
Plataforma une imagens de satélite, focos de calor e IA num modelo de monitoramento (Imagem: Artur Môes/UFRJ)

A Alarmes se tornou uma ferramenta para o monitoramento dos incêndios, realizado no Lasa (Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais), coordenado pela pesquisadora. Ela une imagens de satélite, focos de calor e IA num modelo de monitoramento que agilizou o combate às chamas.

O satélite pode observar várias características dos incêndios florestais, inclusive a área queimada. Até pouco tempo atrás, para obter essas informações, levava meses (…) Se eu souber de forma rápida o quanto e onde já queimou [numa ocorrência], posso colocar meu contingente de combate posicionado em outro local.

Renata Libonati, pesquisadora da UFRJ, em entrevista à Agência Brasil

Segundo Renata, a plataforma oferece informações quase em tempo real. O processamento, a partir do qual se indica quais áreas os incêndios consumiram, acontece 12 horas após a passagem do satélite.

Isso foi possível através da junção de aprendizado de máquina profundo, da utilização de imagens de satélites da Nasa, os mais recentes lançados, com informações de focos de calor. Então, nós desenvolvemos um algoritmo com esse aprendizado de máquina que permite esse processamento, fornecendo informações todos os dias sobre o avanço dessas áreas.

Renata Libonati, pesquisadora da UFRJ, em entrevista à Agência Brasil

Trajetória do projeto

Queimadas no Pantanal em 2020
Até as queimadas no Pantanal, em 2020, projeto focava no Cerrado (Imagem: Chico Ribeiro/Governo do Mato Grosso)

No início, o foco desse projeto com IA era o Cerrado. Porém, quando começaram aqueles incêndios em 2020, no Pantanal, a equipe da pesquisadora se mobilizou para auxiliar com informações sobre o bioma. E essas informações foram cruciais para a tomada de decisão durante as queimadas, segundo Renata.

Desde 2020, informações sobre incêndios florestais chegam aos órgãos competentes de duas formas. Primeiro, o laboratório as disponibiliza para o uso das instituições nos seus sistemas de informação. Segundo, a equipe desenvolveu um site [https://alarmes.lasa.ufrj.br/] para disseminar essas informações para a sociedade.

Hoje em dia, a plataforma atende Amazonia, Pantanal e Cerrado. Não só no contexto do bioma, mas com informações em níveis mais abaixo. Por exemplo, níveis do município, das unidades de conservação e das terras indígenas.

Isso basicamente é 75% do território brasileiro monitorado de forma diária, em todos esses locais, fornecendo essas informações em tempo quase real. Monitoramos também o pantanal binacional, com informações da Bolívia e do Paraguai.

Renata Libonati, pesquisadora da UFRJ, em entrevista à Agência Brasil

Com informações da Agência Brasil

Imagem de destaque: Mayke Toscano/Secom-MT / montagem: Pedro Spadoni/Olhar Digital