O RNA é formado por quatro bases nitrogenadas: adenina, guanina, citosina e uracila. Muito já se debatia sobre a presença dessas moléculas terem vindo de fora da Terra e agora, cientistas descobriram umas dessas nucleobases em um asteroide. Essa descoberta comprova a existência de blocos de construção de vida fora do planeta.
Nucleobases que compõem tanto o RNA, quanto o DNA, já haviam sido encontradas em meteoritos ricos em carbono que caíram aqui na Terra, assim como outras moléculas biológicas essenciais para a vida, como as vitaminas.
A presença dessas moléculas em rochas espaciais levantou a hipótese de que as bases para a vida surgir na Terra, teriam vindo junto com asteroides que bombardearam o planeta há bilhões de anos. Mas sempre houve dúvidas se eles não haviam sido contaminados ao serem expostos ao ambiente terrestre.
Agora, no entanto, amostras do asteroide Ryugu mostraram a presença de uracila e niacina, uma forma de vitamina B3 que é importante para o metabolismo. As partículas de poeira da rocha espacial foram coletadas e seladas em uma cápsula, o que impediu que em algum momentos elas tenham sido contaminadas.
Moléculas alienígenas
Dúvidas sobre como surgiu a vida e o quão comum ela pode ser na Via Láctea podem encaminhar para serem respondidas quando conseguirmos encontrar blocos de construção da vida no espaço e entendermos os mecanismos potenciais que o trouxeram de lá.
As bases nitrogenadas e outras moléculas biológicas já haviam sido observadas em nuvens de poeira que viriam a formar planetas e estrelas, assim como nos meteoritos que caíram na Terra. Juntas, essas evidências dão força a ideia de que as moléculas base da vida são ao menos parcialmente alienígenas.
Duas amostras foram coletadas em locais diferentes da rocha espacial, o que fez com que algumas moléculas fossem descobertas em meio a poeira. Além disso, elas são muito semelhantes às encontradas nos meteoritos aqui na Terra, sugerindo que as bases nitrogenadas são comuns em asteroides carbonáceos.
Encontramos uracila nas amostras em pequenas quantidades, na faixa de 6 a 32 partes por bilhão (ppb), enquanto a vitamina B3 era mais abundante, na faixa de 49 a 99 ppb. Outras moléculas biológicas também foram encontradas na amostra, incluindo uma seleção de aminoácidos, aminas e ácidos carboxílicos, encontrados em proteínas e metabolismo, respectivamente.
Yasuhiro Oba, astroquímico, em resposta a Science Alert
Os pesquisadores acreditam que as bases nitrogenadas tenham surgido no asteroide a partir de moléculas mais simples como formaldeído, amônia e cianeto de hidrogênio. Esses compostos não foram observados nas amostras, mas poderiam estar presentes em um passado longínquo da rocha quando ela ainda era um cometa.
Outras amostras de um asteroide diferente, o Bennu, já estão sendo transportadas e chegaram à Terra esse ano e análises preliminares indicaram recentemente a presença de biomoléculas nas coletas.
A missão OSIRIS-REx da NASA retornará amostras do asteroide Bennu este ano, e um estudo comparativo da composição desses asteroides fornecerá mais dados para construir essas teorias.
Yasuhiro Oba
Fonte: Olhar Digital
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