Houve um tempo em que se falava de um jogador capaz de superar Lionel Messi, com mais gols que o argentino na base e um talento difícil de medir. Esse jogador se chamava Bojan Krkic e, hoje, em coletiva de imprensa no complexo do Camp Nou, anunciou o fim precoce da carreira, aos 32 anos, após acumular decepções.
Quando convocou a coletiva com o apoio do Barcelona para essa quinta-feira, todos já sabiam o tema. Bojan não entrava em campo desde julho de 2022, quando ainda defendia o Vissel Kobe ao lado de Iniesta, lenda do Barça. Bojan parecia destinado a seguir o mesmo caminho na idolatria dos torcedores, mas sua história foi bem diferente, com um auge que ficou nos primeiros anos de futebol.
“Com 8, 9 anos, entre para este clube (Barcelona). Com 32 e depois de muitas vivências, quero anunciar que acaba uma etapa. Agradeço por tudo que vivi. Tenho que ser honesto e creio que meu momento chegou. Decidi colocar um ponto final nessa etapa”, anunciou um emocionado Bojan.
O motivo da aposentadoria não foi físico, apesar dos problemas que enfrentou ao longo da carreira. Para Bojan, a decisão passou pela falta de motivação para continuar.
“Tive três lesões graves, mas me recuperei. As razões são o sentimento e a realidade. Levo 12 anos fora (de casa) e me sinto realizado pela minha experiência. Tenho mais vontade de fazer outras coisas do que seguir jogando futebol”, reconheceu.
A carreira de Bojan Krkic começou de forma meteórica. Na base, falavam do jogador dos mais de 900 gols. Marcas goleadoras que nem mesmo Lionel Messi havia conseguido estabelecer no seu tempo em La Masia. A expectativa, claro, foi grande. E a decepção foi do mesmo tamanho, mas não sem antes deixar sua marca.
Até recentemente, Bojan Krkic era o mais jovem a marcar gol pelo Barça na Liga Espanhola, superando Messi (que deu a assistência). Foi ultrapassado por um novo prodígio, Ansu Fati, que ainda dá os primeiros passos na carreira e já enfrenta também críticas. Bojan acumulou uma série de feitos ainda no primeiro ano, em 2007/08, com 12 gols em 48 jogos. Uma marca de gols que repetiria em 2009/10 apenas, evidenciando a queda.
A carreira de Bojan Krikc acabou por ser um acúmulo de decepções. Passou por Roma, Milan, Ajax, Stoke City (clube onde teve talvez seus melhores momentos depois do Barça), Mainz e Alavés. Enfrentou lesões que atrapalharam sua carreira, mas o maior desafio foi a ansiedade. Comparado desde cedo a Messi, Bojan revelou ter visto sua vida mudar tão rapidamente que enfrentou crises fortes de ansiedades, debilitantes, a ponto de o impedirem de ir a uma Eurocopa.
O ritmo de Bojan se tornou mais lento nos últimos anos. Em 2019 se mudou para o Canadá para atuar pelo CF Montreál. Fez apenas 31 jogos em duas temporadas e fez sua última partida em novembro de 2020. Voltou a estudar para preparar sua saída dos gramados e cursou uma especialização em gestão esportiva. Depois de mais de nove meses sem jogar, Bojan Krkic se juntou a Iniesta no Vissel Kobe em 2021. Fez 27 jogos por lá, com apenas um gol marcado, antes de parar novamente no meio de 2022.
Bojan teve tempo para refletir, e decidiu por encerrar sua carreira. Atuou em sete países diferentes, conquistou títulos na Espanha, na Holanda e no Canadá, jogou ao lado de gênios do futebol. A carreira pode não ter corrido como o esperado, mas ainda reservou momentos inesquecíveis para o atacante.
“Me sinto muito realizado, agradecido por tudo que vivi. Joguei no Barcelona, com grandes jogadores, ganhei títulos, e também conheci outras ligas…”, discursou.
“Quero aproveitar uma nova etapa ao lado da minha família”, resumiu.
Fonte: Ogol
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