Sexta-feira, Novembro 22, 2024
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Boca de Cena 2023 inicia com performance teatral e Seminário para discutir políticas públicas

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Começaram as atividades da Mostra Boca de Cena 2023, Semana de Teatro e Circo de Mato Grosso do Sul, na manhã desta segunda-feira (27), na sede da Companhia Fulano di Tal, que fica na Rua Rui Barbosa. O evento é uma realização da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, do Governo do Estado, e que vai fazer a cidade de Campo Grande respirar o melhor do teatro e do circo do Estado.

Marcio Veiga

O gerente de Difusão Cultural da Fundação de Cultura de MS, Marcio Veiga, abriu os trabalhos da Mostra. “É uma semana comemorativa em que congregamos espetáculos de companhias de teatro e circo de várias vertentes, de várias linguagens numa grande festa que será oferecida para o público através de 38 apresentações artísticas gratuitas e mais algumas atividades como o Seminário Estadual de Teatro, oficinas, e nós teremos ainda debates e discussões e possibilitar que esta semana seja também um espaço aberto para discussão sobre as políticas públicas para o teatro e circo aqui no Estado de Mato Grosso do Sul”.

O último Boca de Cena organizado pela Fundação de Cultura foi em 2018, porém ano passado houve uma experiência que foi totalmente organizada e produzida pelos artistas, com o financiamento da Fundação de Cultura. “E a Fundação de Cultura, agora, retoma a produção 100% do evento, tanto em financiamento quanto em organização, mas é claro, sempre com a participação ativa dos colegiados setoriais de teatro e de circo”.

O Boca de Cena abre tradicionalmente o Seminário Estadual de Teatro e Circo, que começou na manhã desta segunda-feira e vai durar três dias. “Esse espaço de discussão é uma assembleia livre para que os artistas, produtores, gestores de cultura de outros municípios possam discutir propostas para o governo, para que o governo possa apreciar e executar algumas ações que são os anseios da própria classe. É um espaço organizado de forma horizontal, onde todos têm direito à fala, onde as pessoas discutem, por meio de um Fórum presencial, sobre todas as perspectivas, expectativas com relação ao fazer teatral, acessibilidade, à democratização do teatro e circo, e ao final do seminário é feito um documento, é uma carta que é oferecida à Fundação de Cultura, ao Governo do Estado, para implementar algumas políticas que foram discutidas durante este espaço”, finaliza Marcio.

Para iniciar os trabalhos do Seminário, nada melhor do que uma performance cênica. Alessandra Tavares apresentou aos presentes a peça “Donzela”, que fala sobre violência doméstica, psicológica, violência física e também feminicídio. “Por si só, o fato de ser hoje o dia do teatro, o dia do circo, de a gente estar aqui discutindo as políticas públicas para o nosso Estado, por si só já é importante, então imagina para mim, como atriz, estar aqui fazendo a abertura e ainda mais falar de um tema que é tão importante e necessário, que é a violência contra a mulher, o feminicídio. Mato Grosso do Sul e Roraima são os dois Estados do Brasil com o maior índice de violência doméstica, de feminicídio, a cada seis horas é uma morte. Então poder levar a ‘Donzela’, que é um texto extremamente forte, para Campo Grande e também para vários municípios do Estado, é muito importante, porque através da arte a gente pode também tentar mudar este percentual tão trágico”.

Marcelo Mariano

O bailarino Marcelo Mariano, que há 38 anos atua na área da dança em Coxim, veio para o Seminário com a ideia de refletir o que os artistas passaram durante a pandemia, para haver uma retomada dos trabalhos. “Há muito tempo a gente está ilhado de toda essa coisa que aconteceu, como pandemia, e tudo, eu acho que… quais são os anseios? O que que é o agora? Eu acho muito importante este recomeço porque agora a gente pode ver o que que cada um de nós passou, o quais são os objetivos, o que a gente pode agora construir mais. Porque a gente ficou em frangalhos, principalmente os artistas. Chegou um momento em que a gente não entendia mais quem éramos nós. E acho este momento muito legal. Principalmente pela região Norte, onde está muito fragilizado lá, porque antigamente tinha um movimento muito grande, tinha a Festa do Peixe, grupos de teatro e de dança, milhões de outras coisas, e tudo foi se derretendo. E é isso que a gente quer: voltar com isso, ver essa coisa do coletivo, porque nós aqui de Mato Grosso do Sul temos sim que voltar com esse coletivo, a gente trazer, ouvir, e a partir daí a gente criar as nossas metas”.

Bianca Machado, da Companhia de Teatro Maria Mole, de Corumbá, disse que esse primeiro dia do Seminário é um dia para rememorar: “Tanto que tem uns papéis aqui mostrando desde 2014 um pouco da nossa lembrança. Nós vamos acabar descobrindo que nós estamos debatendo uma mesma, ou três, quatro, cinco pautas há anos e que a gente tem avançado pouco. Então é por isso que a gente tem que primeiro, agora, rememorar os últimos seminários para ver o que a gente avançou e o que a gente não avançou. Porque na verdade nós avançamos pouco. Essa é a realidade. Aonde está o problema? Esse primeiro momento vai ser de avaliação e de encontro, mesmo. E depois da pandemia, agora é a primeira vez que a gente reencontra todo mundo. O seminário é muito importante por causa desse reencontro. Eu consigo ver o trabalho das outras pessoas”.

Bianca Machado

A artista ressalta a importância da Fundação de Cultura do Estado em promover a Mostra e que este ano o evento vai ser um marco na cultura do Estado. “O Boca de Cena é feito pela instituição Fundação de Cultura, se não ele não existiria, porque é complexo você trazer pessoas do interior, hospedar, alimentar. Eu acho que este evento é fundamental para a Fundação conhecer, para a gente se conhecer. Eu vejo este Boca de Cena como um possível marco para que ele seja constante. Acho que isso é uma coisa que a gente tem que tirar daqui: a obrigatoriedade de o Estado manter o Boca de Cena, um evento para estar dentro do cronograma do Estado, como acontece com o Festival América do Sul Pantanal, como acontece com o de Bonito, como estão querendo fazer o Campão Cultural acontecer todo ano, que o Boca de Cena possa ser uma coisa permanente. E ainda poderia ser o Boca de Cena que rodasse o Estado, que acontecesse no Estado inteiro”.

Marcílio Caetano

Marcílio Caetano, de Nova Andradina, faz um trabalho no município e no distrito de Casa Verde, que segundo ele, é carente de cultura. “O trabalho do sarau cultural tem dado muito certo, tanto que estou lá há mais de 15 anos. A grande discussão que eu tenho trazido é a carência dos municípios com cultura. Bacana ter o Estado, a Fundação de Cultura voltando com formatar essa questão da cultura. Quanto mais a gente puder formatar isso aqui, é muito bom, mas poder levar isso para os municípios é melhor ainda, porque a gente vê a necessidade dos municípios e entende a carência muitas vezes até do próprio gestor, que não tem essa visão da cultura. Então se a gente tem isso aqui no Estado e tem essa possibilidade de levar isso para os municípios é muito bom. Que bom que passou a pandemia, que a gente está retornando, acho que o Boca de Cena é maravilhoso porque traz essa questão artística dos municípios, que tem municípios fazendo essa formatação cultural, trazer esses artistas para o evento fortalece isso. E que isso não possa parar mais”.

Para quem gosta de teatro e circo, o Boca de Cena 2023 é aberto ao público e com entrada franca. Confira a programação completa em: www.fundacaodecultura.ms.gov.br/bocadecena.

Karina Lima, FCMS

Fotos: Ricardo Gomes

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