A movimentação das placas tectônicas ao longo de bilhões de anos formou os continentes como conhecemos hoje. Apesar de não percebermos, essas movimentações continuam acontecendo e no futuro podem ser responsáveis pela divisão do continente africano em dois.
Segundo Douwe van Hinsbergen, presidente de tectônica global e paleogeografia da Universidade de Utrecht, em resposta à Newsweek, o Vale do Rift na África Ocidental há muito tempo é conhecido como uma fenda nas placas tectônicas que irá originar um novo oceano.
O calor do núcleo da terra acarreta em correntes de convecção no manto, fazendo com que as 15 a 20 placas tectônicas existentes sobre ele se movimentem em diferentes direções, afastando, convergindo, ou dividindo. Por causa disso, o grande continente Pangeia se dividiu há 250 milhões de anos.
O tempo que o Vale de Rift, na Etiópia, Quênia, Tanzânia e outros países africanos, levará para formar um novo oceano, só depende de quantos tempo as placas tectônicas levarão para se separar.
Movimentação das placas tectônicas e novo continente
As placas tectônicas de Rift se movimentam cerca de 0,5 a 1 centímetro por ano. Para que seja formado um estreito, de cerca de 5 quilômetros de largura seriam necessários 50 a 100 mil anos, levando em consideração o aumento do nível do mar.
Caso o aquecimento global acarrete no derretimento das calotas polares, isso poderia acontecer muito antes. Mas para se formar um grande oceano, seria necessário milhões de anos.
O Rift da África Oriental já se formou há 30 milhões de anos, e sua expansão é muito lenta. Normalmente, uma verdadeira bacia oceânica com fundo oceânico se forma após cerca de 300-400 km de extensão, o que, com as taxas atuais , pode levar outros 10 milhões de anos ou mais. Mas em outros casos isso ocorreu mais rapidamente, como no Oceano Atlântico Central, onde desde a quebra inicial até a oceanização levou menos de 15 milhões de anos, cerca de 200 milhões de anos atrás.
Douwe van Hinsbergen
Para estipular onde as placas estarão no futuro os pesquisadores usam receptores de GPS em terra que medem as movimentações delas, podendo estipular onde elas estarão no futuro.
Essas medições nos fornecem estimativas de movimentos modernos de placas que representam um movimento ‘instantâneo’, pelo menos em termos de processos geológicos muito lentos. Eles são representativos de processos de longo prazo ou tempo médio de mais de 100.000 ou 1 milhão de anos. Usamos padrões de anomalias de propagação do fundo do mar para rastrear os movimentos das placas nos últimos 180 milhões de anos, permitindo-nos ver padrões no movimento das placas e então orientar nossas previsões futuras.
Cynthia Ebinger, professora de placas tectônicas da Universidade de Tulane
Essa e outras movimentações das placas tectônicas ainda deixarão os continentes muito diferente de como os conhecemos hoje. Em cerca de 200 milhões de anos, a Austrália se moverá para o norte e colidir com o Sudeste Asiático. O leste da África provavelmente vai colidir com o subcontinente indiano, fazendo com que a área onde hoje existe o Vale de Rift, provavelmente se torne grandes recifes de corais.
No entanto, nem nós, nem nossas próximas gerações estarão aqui na Terra para ver essas transformações causadas pelas placas tectônicas, já que comparados com a escala geológica da Terra, somos apenas um sopro de existência.
Fonte: Olhar Digital
Comentários