A popularização dos drones graças à sua facilidade de controle e alcance já foi notado há muito tempo pelas forças de segurança brasileiras. Tanto que, atualmente, 63% dos órgãos das 27 unidades da federação utilizam o equipamento.

Os dados são da pesquisa realizada pela Escola de Direito do Rio de Janeiro, da Fundação Getúlio Vargas (FGV Direito Rio), denominada “Segurança Pública na Era do Big Data: Mapeamento e Diagnóstico da Implementação de Novas Tecnologias no Combate à Criminalidade” e divulgada nesta quarta-feira (29).

O estudo analisou mais de 2,4 mil reportagens e publicações de grande circulação no Brasil acerca do uso de tecnologias com base nos dados fornecidos pelas forças e órgãos de segurança pública estaduais.

De acordo com o levantamento, logo após os drones, a ferramenta tecnológica mais usada no combate ao crime é a OCR (Reconhecimento Óptico de Caracteres, em português), utilizada em 44% das unidades federativas, muito usadas na leitura eletrônica de placas veiculares, por exemplo.

Já o reconhecimento facial, uma das tecnologias mais “antigas”, está presente em 33% das unidades de segurança, seguido das câmeras nos uniformes de policiais, utilizadas em 22% das forças.

Por fim, o policiamento preditivo – aplicação de modelagem por computadores a dados criminais passados para predizer possível atividade criminal futura – está presente em 7% dos estados brasileiros.

Detalhes do estudo

A pesquisa foi conduzida durante 18 meses – entre 1ª de junho de 2021 a 31 de maio de 2022 – por pesquisadores do Centro de Justiça e Sociedade da FGV Direito Rio, visando promover o mapeamento e a análise da presença de novas tecnologias na segurança pública no Brasil.

Os coordenadores e seus subordinados analisaram 23 entrevista com pessoas-chave das forças de segurança da cidade do Rio de Janeiro (RJ).

A professora Fernanda Prates, que participou do estudo, afirmou que, ao longo das entrevistas realizadas com tais pessoas, que atuam na linha de frente de nosso sistema penal, ficou clara a importância dessas tecnologias no combate à criminalidade.

Agora que entendemos que não dá para voltar e que essas ferramentas farão parte da vida desses atores, queremos dialogar com eles e também escutar seus respectivos feedbacks. Esse diálogo pode suscitar novas regulamentações, auxiliar as instituições e entender melhor como aplicar essas tecnologias para serem aproveitadas em toda sua potencialidade.


Professora Fernanda Prates

A profissional destacou ainda que, além de lançar melhor compreensão sobre os principais desafios enfrentados com as novas tecnologias, a pesquisa é capaz de gerar medidas de regulamentação para tais tecnologias e auxiliar na criação de políticas públicas específicas para o setor de segurança.

Estudo vai virar livro

A importância, tamanho e complexidade da pesquisa são tamanhas, que seus resultados darão origem ao livro “Segurança Pública na Era do Big Data: Mapeamento e Diagnóstico da Implementação de Novas Tecnologias no Combate à Criminalidade”, a ser lançado em breve.

Com informações de Agência Brasil

Imagem destacada: Dmitry Kalinovsky/Shutterstock