Em novembro do ano passado, o telescópio espacial Gaia encontrou o buraco negro mais próximo da Terra, o Gaia BH1, e suas características impressionaram os cientistas. Agora, astrônomos descobriram que ele pertence a uma nova família desses objetos massivos, que já conta com dois membros.
Os dados da missão Gaia da Agência Espacial Europeia (ESA) revelaram que o buraco negro mais perto da Terra é o Gaia BH1, na constelação de Ophiuchus, a 1560 anos-luz de distância, logo em seguida vem o Gaia BH2, a 3800 anos-luz de distancia na constelação de Centaurus, basicamente no nosso quintal galáctico.
Os objetos foram descobertos observando uma oscilação no movimento de suas estrelas companheiras. A mudança na órbita indicava que elas estavam próximas de objetos 10 vezes mais massivos que o Sol. Poderiam ser estrelas muito maiores, mas eles não emitiam luz alguma, o que só poderia ser buracos negro.
Buracos negros invisíveis
Até então, os buracos negros descobertos pelos astrônomos emitiam luz. Quando a matéria cai sobre eles, ela é superaquecida e emite raios X e ultravioleta, em Gaia BH1 e Gaia BH2 isso não acontece, fazendo com que eles só possam ser detectados devido ao seu efeito gravitacional.
Buracos negros com massa parecida a de Gaia BH1 e Gaia BH2 são comuns na Via Láctea, mas geralmente eles estão em sistemas binário com estrelas, que emitem raio-x e ondas de radio, e são conhecidos como binários de raio-X. Mas no caso das descobertas feitas pelos telescópios, elas estão muito mais distantes de suas estrelas que o normal, e os astrônomos acreditam que isso seja mais comum do que parece.
O que diferencia esse novo grupo de buracos negros daqueles que já conhecíamos é sua ampla separação de suas estrelas companheiras. Esses buracos negros provavelmente têm uma história de formação completamente diferente dos binários de raios-X
Kareem El-Badry, autor da descoberta, em resposta a ESA
Por não emitirem luz, isso indica que esses objetos massivos não são grandes comedores, provavelmente por estarem longe de suas estrelas. Isso, junto com o fato de estarem muito próximos da Terra, indica que muitos outros sistemas binários parecidos ainda podem ser encontrados no universo.
Isso é muito emocionante porque agora implica que esses buracos negros em órbitas amplas são realmente comuns no espaço – mais comuns do que binários onde o buraco negro e a estrela estão mais próximos. Mas o problema é detectá-los. A boa notícia é que o Gaia ainda está coletando dados, e seu próximo lançamento de dados (em 2025) conterá muito mais dessas estrelas com companheiros misteriosos de buracos negros
Yvette Cendes, coautora da descoberta do Gaia BH2
As novas informações coletadas pelo telescópio Gaia vão reunir 66 meses de observações, onde novos sistemas binários de estrelas e buracos negros poderão ser descobertos e juntar-se a familia do Gaia BH1 e Gaia BH2.
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Fonte: Olhar Digital
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