Na manhã desta quarta-feira (5), alguns veículos de imprensa divulgaram que um fenômeno chamado “Superlua Rosa” será visível em todo o Brasil na madrugada de quinta-feira (6). Mas, será que é isso mesmo?
De acordo com o Old Farmer’s Almanac (Almanaque do Velho Fazendeiro), uma das publicações mais tradicionais dos EUA, a lua cheia de cada mês do ano tem uma designação própria.
Luas cheias de 2023:
O que é uma Superlua?
De forma bem simples e resumida, quando o nosso satélite natural chega à fase completa praticamente ao mesmo tempo em que sua órbita elíptica faz sua aproximação máxima da Terra – ponto chamado de perigeu –, costuma-se chamar o fenômeno de Superlua (termo que se originou entre os astrólogos no final da década de 1970).
“Mas, sem saber o quão perto a lua cheia precisa estar da Terra, não dá para cravar se esta ou aquela lua cheia é uma Superlua”, explica Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA), membro da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (BRAMON) e colunista do Olhar Digital.
Segundo Zurita, até existem algumas tentativas de criar uma definição científica, completa e definitiva para o termo, mas é difícil chegar a um consenso, e talvez isso tenha algo a ver com o fato de que ele vem da astrologia. “Na astronomia, sua utilização é recente e tem se mostrado uma boa forma de popularizar a ciência, mas muita gente ainda ‘torce o nariz’ para o termo, por considerá-lo um nome mercadológico para ‘vender’ a Lua Cheia no perigeu, que, na prática, não tem nada de super, nem representa nenhum fenômeno de interesse científico”.
Talvez por isso a União Astronômica Internacional (IAU) não demonstrou, até hoje, nenhum interesse em normatizar o termo. “Tudo que temos são as definições informais para a Superlua”, explica o astrônomo.
Pela definição do astrólogo Richard Nolle, “pai” do termo, pode-se chamar de Superlua quando a lua cheia dentro de 90% de sua menor distância da Terra, um ponto variável que desta vez será de 367.966 km. Logo, para ser uma Superlua, ela deveria estar a, no máximo, 371,7 mil km daqui.
Assim, como a lua cheia desta quinta-feira estará a cerca de 392 mil km do nosso planeta, ela não se enquadraria como uma Superlua de acordo com essa definição.
Conforme destaca Zurita, a delimitação determinada por Nolle não é uma unanimidade. A revista Sky and Telescope, por exemplo, prefere adotar a distância máxima de 358.884 km, e a Time and Date, 360 mil km. De qualquer forma, nem por esses parâmetros, podemos chamá-la de ‘super’ desta vez.
Zurita explica que, no meio científico, os astrônomos preferem o termo “perigeu-sizígia” ou simplesmente “Lua Cheia no Perigeu”, adotado para quando a lua entra na fase cheia a menos de 24 horas do perigeu. “Neste critério, a lua cheia de abril também não é uma Superlua, já que ela chega a essa fase à 1h07 do dia 6, mas só alcança o perigeu daqui a 10 dias, às 23h23 do dia 15”.
Sempre que a lua cheia acontece próxima ao perigeu, ela aparece até 14% maior e 30% mais brilhante, se comparada à lua cheia do apogeu (ponto mais afastado da Terra).
De qualquer maneira, fica a dica preciosa do nosso colaborador: “Independentemente da forma como a chamamos, a fase cheia sempre é um excelente momento para contemplar a Lua, seja a olho nu, seja através de telescópios, mas, preferencialmente, muito bem acompanhado”.
Fonte: Olhar Digital
Comentários