Não é segredo que China e EUA vivem há anos uma espécie de guerra tecnológica. O novo capítulo do embate entra as potências envolve uma nova rede de cabos submarinos de fibra ótica.
Segundo fontes não identificadas ouvidas pela Reuters, empresas chinesas de telecomunicações se uniram para criar um projeto idêntico apoiado pelos Estados Unidos.
Resumo do caso
A notícia chega após um extenso relatóriodivulgadono mês passado pela Reuters. O documento revela que o governo americano barrou vários projetos de cabos submarinos chineses nos últimos anos por preocupação com espionagem.
O que são e como funcionam os cabos submarinos de internet?
Vale destacar que consórcio do SeaMeWe-6 incluía originalmente a China Mobile, China Telecom, China Unicom e também a HMN Tech, escolhida para construir o cabo. Entretanto, após pressão do governo americano, o contrato foi oferecido no ano passado para a SubCom.
Em resposta, as três estatais começaram a planejar o EMA e já estão fechando acordos com parceiros estrangeiros, como a francesa Orange SA, a Pakistan Telecommunication Company Ltd (PTCL), a Telecom Egypt e a Zain Saudi Arabia. Segundo a Reuters, outros países da Ásia, África e Oriente Médio também estão sendo abordados para ingressar no consórcio.
A construção de cabos paralelos apoiados por EUA e China também é algo inédito e um sinal precoce de que a infraestrutura global da internet pode se dividir, apontam analistas de segurança. Os países podem ser forçados a escolher entre usar equipamentos aprovados pela China ou EUA, por exemplo, gerando divisões em serviços bancários e sistemas de satélite, disse o pesquisador de defesa Timothy Heath à Reuters.
Parece que estamos caminhando para um caminho onde haverá uma internet liderada pelos Estados Unidos e um ecossistema liderado pela China
Timothy Heath, pesquisador de defesa da RAND Corporation
Por fim, o cabo daria ganhos estratégicos importantes à China. Além de criar uma nova conexão veloz com grande parte do mundo, as operadoras apoiadas pelo governo chinês terão ainda mais alcance e proteção em caso de bloqueios de operar em infraestrutura apoiada pelos EUA no futuro.
Resposta dos EUA
Sem mencionar diretamente a China, um porta-voz do Departamento de Estado americano disse que o país apoia uma internet gratuita, aberta e segura e que os países devem priorizar a segurança e a privacidade “excluindo fornecedores não confiáveis” de redes sem fio, cabos terrestres e submarinos, satélites, serviços em nuvem e data centers.
Por ora, não ficou claro se os EUA vão reagir com uma nova campanha para persuadir empresas a não participar do projeto chinês, que deve estar pronto e funcionando até o fim de 2025.
Imagem principal: Vismar UK/Shutterstock
Via: Reuters
Fonte: Olhar Digital
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