Uma pesquisa conduzida pela Universidade de Washington (UW), nos EUA, descobriu que, para preocupação dos cientistas, um buraco no fundo do Oceano Pacífico vem apresentando um comportamento estranho.
Segundo os pesquisadores, o bizarro buraco no fundo do mar na costa do Oregon está localizado no topo da falha da Zona de Subducção de Cascadia, e contém um vazamento que “pode significar um desastre”.
Batizado de “Oásis de Pítia”, em homenagem à sacerdotisa esposa do filósofo grego Aristóteles, que teve alucinações proféticas enquanto estava sentada em uma fonte termal, esse nascedouro rico em minerais e de baixa salinidade fascina os cientistas desde que foi descoberto, em 2015.
A nova abordagem, publicada na revista Science Advances, sugere que a água quase fresca que vaza dessa fonte pode ser uma espécie de lubrificante tectônico – e sem ele, a placa em que se acomoda pode estar em risco de mudar de uma maneira drástica (e muito ruim).
Durante uma viagem perto da estranha nascente, que fica a cerca de 80 km da costa, os autores do recente estudo detectaram algo excêntrico em seu sonar: “plumas inesperadas de bolhas a pouco mais de um quilômetro abaixo da superfície do oceano”, diz o comunicado de imprensa emitido pela universidade.
Usando “Jason”, um robô explorador remoto, a equipe da UW descobriu que as bolhas eram um componente menor do fluido quente e quimicamente distinto jorrando do sedimento do fundo do mar.
Segundo Evan Solomon, professor associado de oceanografia e especialista em geologia do fundo do mar da UW, os pesquisadores guiaram o robô nessa direção “e o que viram não foram apenas bolhas de metano, mas água saindo do fundo do mar como uma mangueira de incêndio”.
Expedições posteriores a essa nascente no Oceano Pacífico, que foi detectada pela primeira vez pelo graduado em oceanografia da UW e atual conselheiro político da Casa Branca, Brendan Philip, revelaram que o estranho fluido que sai da fonte é mais quente do que a água ao seu redor em 8ºC.
De acordo com os cálculos da equipe, isso sugere que “o fluido está vindo diretamente do megaempuxo de Cascadia, onde as temperaturas são estimadas em 150 a 250 graus Celsius”.
A perda de fluido da interface de megaempuxo offshore através dessas falhas de deslizamento é importante “porque reduz a pressão do fluido entre as partículas de sedimento e, portanto, aumenta o atrito entre as placas oceânicas e continentais”.
Segundo os pesquisadores, este é o primeiro vazamento conhecido do fundo do mar desse tipo, embora outros possam existir nas proximidades sem terem sido detectados ainda.
Essa descoberta no fundo do oceano é um olhar fascinante sobre as operações das placas tectônicas – que, observa o comunicado, ainda é um campo de estudo relativamente novo – além de um alerta assustador dos tipos de desastres naturais que podemos ver no futuro.
Fonte: Olhar Digital
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