O planeta já passou por pelo menos cinco eras glaciais, uma das mais extremas aconteceu a cerca de 650 milhões de anos atrás e durou pelo menos 15 milhões de anos. Acreditava-se que, durante esse período, conhecido como Glaciação Marinoana, a Terra estava completamente congelada, mas foram encontradas evidências de que em algumas regiões existiam mares rasos que contribuíram para que a vida permanecesse.
Em um estudo recentemente publicada na revista Nature Communications um grupo de pesquisadores recolheu amostras do distrito florestal de Shennongjia, na província de Hubei, na China, que mostravam vestígios de vida em um sedimento do período glacial, que teoricamente terminou entre 628 milhões a 623 milhões de anos atrás.
Amostras com indícios de vida
Nas amostras, foram descobertas uma alga específica de água salgada conhecida como macroalgas fototróficas bentônicas, encontradas no xistos negro, uma rocha sedimentar que é formada por deposito de minerais e matéria orgânica. O sedimento em particular se formou a cerca de 600 milhões de anos atrás.
Esse tipo de alga vive no fundo dos oceanos e sobrevive a partir da fotossíntese. De acordo com Huyue Song, principal autor do estudo, águas muito profundas não forneciam oxigenação adequada para ela durante o período glacial, mas mares rasos sim.
A descoberta muda tudo do que os cientistas pensavam acerca desse período glacial. As condições oceânicas de habitabilidade podem ter sido muito diferentes do que se pensava. A vida pode ter persistido durante os períodos de derretimento e congelamento do Marinoana pontuado pelos cientistas e prosperado nesses mares rasos quando a era glacial acabou.
Descobrimos que a glaciação Marinoana era dinâmica. Pode ter existido condições potenciais de mar aberto nas latitudes baixas e médias várias vezes. Além disso, essas condições nas águas superficiais podem ter sido mais difundidas e sustentáveis do que se pensava anteriormente e podem ter permitido uma rápida recuperação da biosfera.
Huyue Song, em resposta a Space.com
Aquecimento da Terra
Thomas Algeo, coautor do estudo, aponta ainda que muito provavelmente as algas além de terem sobrevivido também podem ter contribuído para que a Terra se aquecesse de novo, isso porque o gás carbônico, gás do efeito estufa, liberado na atmosfera durante a respiração pode ter ajudando retido o calor que descongelou as geleiras.
Uma das mensagens gerais para levar para casa é o quanto a biosfera pode influenciar o ciclo do carbono e o clima. Sabemos que o dióxido de carbono é um dos gases de efeito estufa mais importantes. Portanto, vemos como as mudanças no ciclo do carbono têm impacto no clima global.
Thomas Algeo
O mesmo pode ser observado atualmente, com as altas taxas de liberação de gás carbônico na atmosfera todo o clima global tem se alterado, que talvez a vida não esteja preparada para enfrentá-las.
Fonte: Olhar Digital
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