Filmes, livros e músicas chegam fresquinhos aos montes às plataformas digitais. Todos os dias. Mas, para muitos, é material antigo que oferece uma recompensa mais valiosa: a nostalgia. Podem ser fitas, pôsteres, HQs e por aí vai. Esses itens podem remeter desde a infância até a infância que nunca tiveram. Ou apenas expressam desejo de estar em qualquer lugar, menos em 2023.
Graças a esse contexto, o mercado de quinquilharias antigas – hoje em dia, chamadas de “colecionáveis” – tem crescido vertiginosamente nos EUA. E os preços dos itens também. Para você ter uma ideia, um arrematante pagou US$ 53.750 (R$ 265.525, na cotação atual) por fitas VHS dos filmes Rocky I, Rocky II e Rocky III, em fevereiro de 2023.
Um novo colecionador
Quase todo mundo frequentou pelo menos um lugar especial quando jovem. Para Jay Carlson, que cresceu no oeste de Massachusetts no início dos anos 1990, o centro do universo era a locadora de vídeo. Isso foi antes dos DVDs e plataformas de streaming. O videocassete era o ápice da tecnologia de consumo.
Nessa locadora, Carlson, na época com 12 anos, esbarrava em amigos e vizinhos, ouvia falar de lançamentos imperdíveis, falava sobre seus favoritos. Era tipo uma rede social, bem antes das redes sociais surgirem.
Nos anos seguintes, Carlson cresceu, casou, teve filhos e foi trabalhar no financeiro de uma varejista. A tecnologia mudou, mas seu coração não. Um dia, ele achou, numa loja de quadrinhos, um VHS de “Os Caça-Fantasmas”, primeiro filme que seus pais tinham deixado ele escolher assistir quando criança, ainda lacrado. Custou US$ 7 (R$ 34,58). Começava aí sua coleção de fitas, eventualmente catalogada na sua página “Rare and Sealed” (“Raros e Lacrados”, em tradução livre) no Instagram.
Uma coisa levou a outra, até que Carlson começou a coletar lances na Heritage Auctions, casa de leilões em Dallas, no Texas (EUA). Foi num desses leilões que o pack de VHS do Rocky – que tinham custado US$ 60 cada – recebeu arremate de mais de US$ 500 mil.
Boom da nostalgia
Objetos com um pouco de história têm cada vez mais apelo num mundo tão imerso em tecnologia. O atual tumulto cultural, com centenas de imagens falsas, discussões intermináveis sobre tudo e agora a estreia de chatbots com IA, intensifica a busca por itens de fora dessa bolha.
A ironia é que, por meio das novas tecnologias, pessoas buscam ansiosamente por tecnologia antiga. E estão dispostas a pagar cada vez mais por elas. Por exemplo, a máquina de escrever do autor Cormac McCarthy, recebeu arremate de US$ 250 mil (R$ 1,2 milhão). Um computador Apple 1 alcançou quase o dobro disso. Um iPhone de primeira geração, ainda lacrado em sua caixa, foi vendido por US$ 21 mil (R$ 103 mil) em dezembro de 2022 e o triplo em fevereiro 2023.
Combine esses fatores – um desejo de escapar de nossas vidas virtuais; fazer lances tão rápido quanto apertar um botão; e a promoção de novos nichos, como dispositivos de tecnologia desatualizados – e você tem lugares como a Heritage Auctions. E muitos Jay Carlson por aí, dispostos a pagar seja o quanto for por seja lá o que for.
Com informações do The New York Times
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Fonte: Olhar Digital
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