Um marco incrível foi alcançado pelo helicóptero Ingenuity, da NASA, em Marte: na quinta-feira (13), a primeira aeronave da história a voar em outro mundo saiu do chão pela 50ª vez, superando em 10 vezes as expectativas iniciais da missão.

Durante o voo histórico (que aconteceu poucos dias antes do aniversário de dois anos do primeiro, ocorrido em 19 de abril de 2021), o pequeno drone de 1,8 kg viajou 322,2 metros, em 145,7 segundos. Além disso, ele também alcançou um novo recorde de altitude ao subir 18 metros do solo, antes de pousar perto da Cratera Belva, de 800 metros de largura.

Encarregado de provar que a exploração aérea é possível em Marte, apesar da fina atmosfera do planeta, o helicóptero pousou no chão da Cratera Jezero no dia 18 de fevereiro de 2021, junto com seu parceiro de missão, o rover Perseverance. 

A princípio, a intenção da equipe era de que o drone realizasse apenas cinco sobrevoos de demonstração de tecnologia, mas, com o sucesso da empreitada, o trabalho foi estendido. Até agora, ele já voou por mais de 89 minutos, cobrindo em torno de 11,6 quilômetros de terreno marciano.

Superamos nosso tempo de voo acumulado esperado desde nossa demonstração de tecnologia em 1.250% e a distância esperada voada em 2.214%

Teddy Tzanetos, líder da equipe Ingenuity no Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da NASA

Imagem capturada pelo Ingenuity usando sua câmera de navegação durante o 50º voo em Marte, em 13 de abril de 2023. A câmera é posicionada na fuselagem do equipamento e apontada diretamente para baixo para rastrear o solo durante o voo. No detalhe, a sombra do helicóptero no chão. Créditos: NASA/JPL-Caltech

Navegador do rover Perseverance

O helicóptero movido a energia solar deixa seu nome registrado nos anais de história da aviação, cumprindo com louvor a missão de US$85 milhões de dólares, e ainda com saúde para trabalhar por mais tempo.

Ele também está fazendo um trabalho de exploração para o rover Perseverance em seus passeios mais longos e ambiciosos, ajudando a equipe da missão a planejar rotas e escopos de potenciais alvos científicos. Por exemplo, eles decidiram não enviar o robô de seis rodas para uma área conhecida como “Raised Ridges” em grande parte por causa do reconhecimento prévio do helicóptero Ingenuity.

Representação artística 3D do helicóptero Ingenuity junto com o rover Perseverance, companheiro de missão em Marte. Crédito: Jacques Dayan – Shutterstock

“Isso não quer dizer que a equipe não tenha grandes debates sobre que a região ainda tenha valor científico real”, disse Kevin Hand, do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da NASA, codiretor da primeira campanha científica da missão Perseverance. “Mas, pelo menos com o Ingenuity, pudemos dar uma olhada mais de perto e ver que não havia nada tremendamente diferente do que observamos em outros lugares”.

Ingenuity abre caminho para missões futuras

Pioneiro em determinadas tecnologias e capacidades, o Ingenuity passou por tantos desafios até agora para mostrar que o futuro é muito favorável para a exploração aérea em Marte.

“Já iniciamos os primeiros esforços para investigar como o helicóptero Ingenuity ou plataformas semelhantes a ele agem para fazer coisas como carregar cargas científicas, como elas podem ser naves espaciais autônomas e completamente autossustentáveis que não estão ligadas a algo como um rover para cobrir distâncias maiores e acessar uma variedade de alvos científicos”, disse Jaakko Karras, vice-líder de operações do Ingenuity no JPL, em entrevista ao site Space.com.

Ele conclui com uma mensagem de esperança. “Olhando para trás daqui a cinco ou dez anos, veremos que este foi o trampolim, o precursor da exploração aérea maior e mais ousada em Marte”.

Vida longa ao revolucionário e desbravador Ingenuity!