“Água suja para comer, estraga o peixe. Crianças muito fracas. Água, bebe-se suja e barriga dói muito”. Esse é o relato do jovem Enenexi sobre a situação dos Yanomami, comunidade indígena localizada numa área de floresta tropical densa entre Brasil e Venezuela. Lá, reclamações da qualidade da água são comuns.
Por conta da calamidade desse cenário, a PWTech, startup brasileira de purificação de água contaminada, instalou modelos do purificador PW5660 em dois locais por lá. Tecnologia acudiu, ao todo, mais de 160 habitantes, segundo a empresa.
Em homenagem ao Dia dos Povos Indígenas, celebrado nesta quarta-feira (19), o Olhar Digital explora, a seguir, como a iniciativa da startup auxilia os Yanomami.
Tecnologia da startup
Nos últimos anos, a startup aplicou sua tecnologia à gestão de crises humanitárias ao redor do mundo (por exemplo, na Ucrânia). No Brasil, empresa instalou seu equipamento em duas comunidades yanomami.
Equipamento, desenvolvido em parceria com a UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), pesa 12 quilos e consegue purificar até 5.760 de água por dia, numa média de quatro litros por minuto. Na prática, ele dá conta de fornecer abastecimento de água tratada para até 100 pessoas.
Auxílio aos Yanomami
Na aldeia Taracoa, no Amazonas (AM), onde a população enfrentava epidemias de diarreia e verminoses, a instalação ocorreu em dezembro e 2022. Com a utilização do equipamento, a população tem acesso à água potável para consumo diário, alimentação e higiene pessoal, o que diminuiu casos de doenças relacionadas a água contaminada.
Iniciativa rolou graças à Secoya (Associação de Cooperação com o Povo Yanomami). Em busca de alternativas para melhorar qualidade de vida da população, associação buscou parceria com a PWTech.
Além de doar sistema de purificação e filtragem de água, com alto rendimento em águas contaminadas, substâncias químicas e biológicas, startup deu três equipamentos ao Hospital de Campanha em Surucucu (RR).
Contexto dos Yanomami
Os Yanomami enfrentam crise sanitária, caracterizada por malária, desnutrição infantil e dificuldade no abastecimento de alimentos e água potável. Em janeiro de 2023, equipes do Ministério da Saúde resgataram mais de mil indígenas em estado grave de saúde na comunidade.
Para Fernando Silva, CEO da PWTech, cenário é de guerra e expõe descaso com a comunidade. “Atualmente, famílias Yanomamis estão sendo resgatadas bastantes debilitadas, com costelas aparentes e rostos esqueléticos. É uma situação desumana, principalmente entre crianças e idosos”, disse.
Dados obtidos pela DW (Deutsche Welle) e confirmados pelo CIR (Conselho Indígena de Roraima) indicam que a taxa de mortalidade de crianças menores de cinco anos foi de 1,8 por dia em janeiro – totalizando 56 vítimas naquele mês. Na região, seis de cada dez crianças menores de cinco anos apresentam déficit nutricional. Ou seja, têm peso considerado inadequado para a idade – a maior parte já em desnutrição severa.
Em 20 de janeiro de 2023, o Ministério da Saúde declarou Emergência Pública de Importância Nacional diante da necessidade de combate à desassistência sanitária dos povos que vivem no território Yanomami. Dois meses após a declaração, garimpeiros ainda atuam na terra indígena – o que impede chegada dos serviços de saúde e, consequentemente, aumenta incidência de doenças infecciosas.
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Fonte: Olhar Digital
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