Além da mumificação dos antigos faraós, também era comum no Antigo Egito que alguns animais fossem mumificados. Agora, uma equipe de pesquisadores do Museu Britânico em Londres conseguiu pela primeira vez observar o interior de seis caixões de metal de animais egípcios que estão selados há mais de dois mil anos.

Estátuas de animais e caixas com representações deles são frequentemente encontradas no Egito, principalmente em complexos religiosos. Mas por serem raros os encontros de exemplares intactos e ainda por não poderem ser abertos sem que seu conteúdo seja danificado, elas não haviam sido estudadas.

Para conseguir estudar o interior do caixões de metais foram necessárias fazer imagens não invasivas, geralmente feitas a partir de raio-X, nesse caso no entanto, a tecnologia não atravessava as grossas paredes de metal. Por causa disso, os pesquisadores acharam outra alternativa, a imagem de nêutrons.

Os nêutrons adentram mais facilmente os metais e permitem uma melhor visualização do material orgânico do que o raio-x. As partículas eram disparadas e os pesquisadores observavam até que ponto elas iriam se dispersar e ou serem absorvidas, criando uma imagem do interior da caixa.

Para aprofundar nosso conhecimento sobre a mumificação egípcia antiga, estávamos muito interessados ​​em entender o conteúdo desse grupo de caixões lacrados, colocados dentro dele há milhares de anos. 

Daniel O’Flynn, principal autor do artigo, em resposta a Newsweek

Mumificação de animais

Durante o primeiro milênio do Egito Antigo, gatos, cachorros, lagartos e outros répteis eram mumificados por serem considerados encarnações dos deuses ou como parte de algum ritual funerário. A imagem de nêutrons permitiu que os pesquisadores observassem que dentro dos seis caixões haviam restos de lagartos que eram associados aos antigos deuses egípcios solares e da criação, Atum e Amon, além de invólucros têxteis, o que indica que eles foram embrulhados antes de serem postos nas caixas

Eles datam de 664 a 250 AEC e todos possuíam uma estatueta que representa ou um lagarto ou um híbrido de humano, cobra e enguia.

Anteriormente, pesquisadores já haviam encontrado ossos de musaranhos, cobras, gatos e outros animais dentro de caixões do tipo. No entanto, muitas delas foram encontradas quebradas e em pedaços, e seu o conteúdo de seu interior incompleto, o que torna as peças do Museu Britânico ainda mais inusitadas.

Esperamos estender este estudo a mais caixões e recipientes de metal selados na coleção do Museu Britânico, agora que vimos a eficácia da imagem de nêutrons para revelar conteúdos ocultos e entender práticas de fabricação antigas. Essa técnica também pode ser aplicada a outros objetos de metal, por exemplo, estátuas, para entender como elas foram feitas e expandir nosso conhecimento da antiga tecnologia de metalurgia.

Daniel O’Flynn