O Antigo Egito existiu por quase 3000 anos e foi essencialmente um mundo de homens. Mesmo que um dos mais famosos governantes seja Cleópatra, os registros apontam que apenas seis mulheres conseguiram ascender ao trono e a posição de reis do Egito: Merneith, Neferusobek, Hatshepsut, Nefertiti, Tawosret e Cleópatra, dentre esses, a primeira foi Neferusobek.

Neferusobek (1939-1760 AEC) é filha do rei Amenemhat III, da 12ª dinastia e de uma das centenas de mulheres que o serviam sexualmente e que ainda não possui sua identidade definida. Seu futuro era se casar com seu pai, já idoso, e após a morte dele com seu irmão.

Ascensão ao trono

As coisas começaram assim, após a morte de seu pai, seu irmão Amenemhat IV ascendeu ao trono, e ela tornou-se sua esposa. A nobreza egípcia viu essa união como uma garantia de que a linhagem real permaneceria, com herdeiros em breve entrando na linhagem de sucessão. 

No entanto, após nove anos de governo, Amenemhat IV morreu sem deixar nenhum herdeiro viável para sucedê-lo, criando ali uma enorme crise de sucessão. Para manter o equilíbrio de poder entre as elites e a riqueza fluindo, Neferusobek se declarou rei do Egito, tornando- se a primeira a fazer isso na história.

Quando Neferusobek assumiu o trono, foi determinado que o termo rainha não seria usado para se referir a ela, pois o título implica submissão a um soberano, o que não era o caso dela Ele(a) da Planta Junça e da Abelha, Senhora das Duas Terras e Filha de Rá, que foram feminizados para ela em hieróglifos egípcios, fazendo dela Rei.

Soberana divina

Por ser filha de um rei, desde seu nascimento Neferusobek foi vista como uma soberana e detentora do poder divino, se tornando rainha e depois rei só contribuíram para que essa imagem fosse construída. 

Neferusobek também ajudou para que essa imagem divina fosse espalhada durante seu reinado, ela colocou imagem sua em todo o Egito. Três estátuas foram encontradas em Tell el Dab’a, no delta oriental, nas instalações do templo da 12ª Dinastia, mas nenhuma delas resistiu bem ao tempo, e seu rosto não foi preservado.

Uma dessas esculturas está atualmente exposta no Museu do Louvre, em Paris, onde a governante é retratada com uma coroa que posteriormente foi usada na máscara funerária dourada de Tutancâmon. Além disso, também é retratada a posição de Neferusobek sem descartar sua feminilidade e simbologias da 12ª Dinastia.

Uma das estatuas que se encontra no Museu do Louvre em Paris e retrata a rei Neferusobek com ícones que representam sua posição (Credito: Museu do Louvre)

Mas o primeiro reinado de uma mulher no Egito não durou muito. Após 3 anos, 10 meses e 24 dias como rei, Neferusobek morreu por motivos desconhecidos, pondo fim também a sua dinastia. Durante seu reinado ela foi muito honrada e não existiu oposição ao seu governo, sendo preservada na maioria das listas de reis.