Um grupo de arqueólogos recentemente descobriu durante uma escavação em Badajoz, no sudoeste da Espanha, estátuas que podem reescrever a história e cultura ibérica pré-romana e até mesmo compará-las às das civilizações gregas e etruscas.
Antes do domínio romano, a região da península ibérica era habitada pelos tartessos, considerada uma das primeiras civilizações a viver na Europa Ocidental. A existência de sua cultura foi registrada por escritores gregos e romanos, com descrições de incríveis riquezas e habilidades do seu povo, que é fantasiada até mesmo como Atlântida.
No entanto, pouco registros físicos desse povo foram encontrados, construindo durante muito tempo a ideia de que a cultura tartessa havia sido destruída em algum momento da história, o que de certa forma realmente aconteceu.
Por exemplo, existem registros que esse povo pré-romano possuía um sistema de escrita, mas apenas cerca de 100 inscrições e grafites foram encontrados. As esculturas e estátuas, até essa recente escavação, eram consideradas inexistentes.
Isso [a descoberta das estátuas] quebra o paradigma de que o tartesso era uma cultura anicônica, ou seja, que não tinha representação figurativa ou antropomórfica. Seja um artesão de fora ou alguém nascido na região que domina as técnicas, parece claro que elas foram esculpidas aqui. [E isso] diz muito sobre o nível de sofisticação de quem encomendou algo assim.
Sebastián Celestino, pesquisador e codiretor da descoberta, em resposta ao El Pais
As estátuas consistem em cinco bustos quase de tamanho natural que datam do século 5 AEC e contam um pouco da história perdida dessa civilização. Duas delas contam com brincos que já haviam sido descobertas em outros locais da região ibérica, mas agora os pesquisadores conseguem entender como elas eram usadas.
Destruição dos registro tartessos
Os bustos foram encontrados e uma única nas escavações no sítio arqueológico Casas de Turuñuelo. Mas os pesquisadores acreditam que muito provavelmente eles não ficavam no local, mas foram movidos para lá.
Assim como outros prédios aos arredores, o local onde as estátuas foram encontradas foi propositalmente destruído há 2500 anos. Eles foram queimados, enterrados e abandonados, após um banquete e sacrifício de mais de 50 animais.
No entanto, a forma escolhida para destruir o local onde as estátuas estavam guardadas, foi justamente o que garantiu que elas fossem preservadas. Ao enterrarem elas sob argila, criou-se uma camada protetora contra a erosão do solo e dos elementos.
Mesmo que muito da cultura tartessos esteja perdida para sempre devido a sua destruição, o encontro dessas cinco estátuas mudou a forma como essa cultura era vista e em breve poderá ser reconhecida como detentora de uma cultura sofisticada como outras civilizações da época.
Fonte: Olhar Digital
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