O ViaSat-3 Americas, maior satélite de telecomunicações do mundo, teve seu lançamento adiado pelo terceiro dia seguido. A operação seria realizada pelo foguete Falcon Heavy, da SpaceX, no Centro Espacial Kennedy, da NASA, localizado na Flórida, EUA.

Originalmente, o equipamento tinha lançamento marcado para quarta-feira (26) às 20h24 (horário de Brasília), mas as más condições do tempo impediram a operação. A segunda tentativa foi nesta quinta-feira (27), também frustrada pelo tempo.

Então, a SpaceX remarcou o evento para esta sexta-feira (28), às 20h24 (horário de Brasília), adiando-o novamente para 21h26. Dessa vez, contudo, a um minuto do lançamento, a operação foi abortada.

Segundo o controle da missão, foguete e satélite estão em ótimo estado, mas a SpaceX não informou o motivo do abortamento. O novo lançamento está marcado para este sábado (29), no mesmo horário: 21h26 (horário de Brasília).

Qual a importância do ViaSat-3 Americas?

Os novos satélites conseguem transferir mais de 1 Tbps, o dobro da atual frota da companhia – os ViaSat-1 e 2, que entregam aos EUA 500 Gbps. Quando estiverem todos em órbita, a constelação proverá 3 Tbps, salto de 500%.

Cobriremos mais de 90% da área habitada do planeta. Cada um será responsável por quase um terço do globo. Só os polos ficam de fora. Com isso, poderemos melhorar os serviços já existentes, além de alcançar novos territórios e levar conectividade a regiões remotas.

Leandro Gaunszer, diretor-geral da ViaSat

O projeto já está para ser lançado desde 2019 e deve aumentar a largura de banda da ViaSat, algo vital para brigar com a Starlink. Em 2024, será a vez da Amazon, que tem tecnologia similar à Starlink, chamada de rede Kuiper, com vistar a ter mais de 3,2 mil satélites em órbita.

satélite
Imagem ilustrativa do ViaSat-3, satélite com maior capacidade de tráfego do mundo(Imagem:Divulgação/Viasat)

Lançamento

Para lançar tamanho equipamento, é preciso um foguete de igual potência. No caso, a SpaceX selecionou o Falcon Heavy, o mais poderoso do mundo em operação comercial.

O Falcon 9 é constituído por três foguetes unidos lateralmente e nove motores em cada, sendo os laterais os responsáveis por dar o impulso necessário para o Falcon 9 decolar.

Já foram mais de 200 lançamentos bem-sucedidos para o foguete, ele sempre voltou à terra para ser resgatado normalmente. Contudo, dessa vez, será diferente.

Já que o Falcon 9 irá muito alto e com carga bem pesada, todo o combustível disponível será consumido, impedindo a realização da manobra de retorno. Os três propulsores cairão no mar e não serão recuperados.

Serão seis horas de viagem. Dois minutos para os boosters, que cairão no Oceano Atlântico na sequência. O primeiro estágio do foguete atua por mais um minuto e meio também cairá no mesmo lugar.

Por fim, o segundo estágio (geralmente a única parte descartável) segue a viagem até sua órbita correta. Ao se separarem, o ViaSat-3 Americas usa seus próprios propulsores durante 1 km até conseguir ocupar sua posição final.

Caronas

O ViaSat3 Americas não está sozinho na empreitada. O Falcon 9 levará também o Arcturus (300 kg), da Astranis, que levará mais internet ao Alasca pela rede Aurora, e o cubeSat ucraniano G-Space-1 (22 kg), responsável por pequenas cargas de vários clientes.

Potência

Entre os detalhes incríveis do ViaSat-3 Americas é seu moderno e grande refletor, feito de polímeros reforçados, fibra de carbono e grafite, tudo isso preso a longo braço. A antena do equipamento vai direcionar os sinais de e para a Terra, possibilitando conexão entre usuários e estações por aqui.

Dimensões do maior satélite de internet do mundo

Esse gigante conta com 50 metros de comprimento, metade de um campo de futebol. Apesar disso, ele tem um peso otimizado, e é o mais leve já produzido pela Viasat, com um peso estimado entre 5 e 6 toneladas.

Se compararmos, um satélite da Starlink tem 260 kg e painéis com oito metros de comprimento, orbitando a terra

Não chega ao número da Starlink, que possui 3,7 mil satélites em órbita, e que é da SpaceX. A diferença é que eles serão capazes de cobrir todo o planeta, sendo todos continentes, e as principais rotas aéreas e marítimas cobertas.

Ele orbitará nosso planeta diretamente acima do Equador, ficando a 35,7 mil km de altitude. O ViaSat-3 Americas possui 16 painéis solares, sendo oito em cada “asa”.

O equipamento é enviado dobrado e, ao chegar na posição orbital, “ele abre ospainéis e são feitos vários testes para garantir que tudo está correto. Esperamos iniciar a operação comercial dois meses após o lançamento”, afirmou Gaunszer. Veja abaixo como isso acontece:

Enquanto a ViaSat tem satélites geoestacionários gigantes que estão bem alto, a 35 mil km de altitude, em órbita geossíncrona, podendo, assim, cobrir grandes áreas, a Starlink possui pequenos satélites, que exploram a órbita baixa terrestre, a cerca de 500 km. São milhares de equipamentos para realizar a mesma tarefa dos da ViaSat.

ViaSat no Brasil

A ViaSat está no Brasil desde 2018 por meio de parceria com a Telebras. 58% da capacidade do SGDC (Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Terrestres) brasileiro é utilizada pela empresa, com vistas a oferecer seus serviços de banda larga em todo o País, para residências e empresas, de modo a ampliar o acesso à banda larga em áreas remotas. Ela também oferece o serviço de wi-fi a bordo nos aviões da Azul.

Como contrapartida, oferece 25 mil pontos de conexão de interesse público, tais como unidades de saúde e educação, postos de fronteira, instalações militares e comunidades indígenas. “Cerca de 19 mil escolas rurais que não tinham acesso agora estão conectadas”, afirma Gaunszer.

O sistema de internet via satélite também foi usado em desastres humanitários, como em Brumadinho (MG), no litoral norte de São Paulo e nas terras Yanomamis. “Em momentos assim, em que as redes ficam fora do ar, os satélites continuam funcionando e têm papel fundamental para a comunicação e os resgates”, explica o diretor.

A Starlink tenta contra-atacar e também quer realizar parcerias com o Brasil. No ano passado, Elon Musk, CEO da SpaceX e da Starlink, vistou o País visando acordo. Sua ideia era usar sua rede de satélites para conectar 19 mil escolas brasileiras e monitorar desmatamentos e incêndios ocorridos na Amazônia.

Novidade da ViaSat no Brasil

O ViaSat-3 Américas também se diferencia por ser o primeiro satélite próprio da companhia a operar no Brasil. Contudo, não se sabe qual a porcentagem de sua capacidade será aproveitada por aqui. O que Gaunszer garantiu é que, do total de nossa cota, 80% irá para as regiões Norte e Centro-Oeste, regiões com áreas rurais com menor penetração de banda larga.

Para mais da metade dos que contratam nosso serviço, é a primeira banda larga deles. Vai desde pequenas empresas, como um veterinário ou um comércio local, até fazendas do agronegócio, além de casas de campo isoladas. Mas nossos clientes ainda estão mais concentrados no Sudeste e no Nordeste.

Leandro Gaunszer, diretor-geral da ViaSat Brasil

Hoje, o plano mais em conta da empresa no Brasil é o voltado ao cliente residencial, que oferece 10 Mbps a R$ 179 por mês e franquia de dados de 25 GB. Com os novos equipamentos, a velocidade deve passar de 100 Mbps.

Como está a internet no Brasil

Uma pesquisa recente, realizada pelo Instituto Locomotiva, apontou que 33,9 milhões de brasileiros têm zero acesso à internet, enquanto 86,6 milhões não conseguem conexão todos os dias.

É natural que os satélites não sejam a grande solução para conectar famílias de baixa renda, pois ainda têm alto custo. Contudo, tecnologias similares estão sendo usadas pelo governo para ampliar o acesso, como satélites em pontos de wi-fi comunitário, dentro do PNBL (Programa Nacional de Banda Larga).

Com informações de UOL e UOL