Governo da Malásia divulgou, nesta quarta-feira (03), que adotará um modelo de rede dupla quando lançar 5G por lá, em 2024. Comunicado vem após preocupações generalizadas sobre preços e concorrência, ao concentrar infraestrutura numa única rede estatal.
A decisão é a mais recente do governo de seis meses do primeiro-ministro Anwar Ibrahim. Objetivo é desmantelar monopólios e promover concorrência, embora possa criar tensão com países ocidentais (por exemplo, os EUA) que desejam que a Malásia mantenha seu plano original.
Malásia e 5G
Em 2021, o governo da Malásia revelou que planejava possuir todo o espectro 5G, por meio da agência estatal DNB (Digital Nasional Berhad). Ideia era agregar várias operadoras numa infraestrutura para fornecer serviços móveis.
Agora, governo do país decidiu permitir uma segunda entidade. Porém, após a cobertura da DNB atingir 80% das áreas povoadas. É o que explicou o ministro das Comunicações, Fahmi Fadzil, em comunicado.
Esse modelo também leva em consideração a sustentabilidade do ecossistema da indústria de telecomunicações na Malásia, encerrando assim o elemento de monopólio frequentemente associado ao DNB.
Fahmi Fadzil, ministro das Comunicações da Malásia, em comunicado
O DNB alcançou 57,8% de cobertura de áreas povoadas e está a caminho de atingir 80% até o final de 2023, informou o ministro.
Trajetória
O plano de possuir todo o espectro 5G tinha sido recebido com preocupação da indústria sobre preços, transparência e monopólio. E uma recomendação das principais operadoras para um segundo provedor 5G tinha sido rejeitada pelo governo anterior, em março de 2022.
Então, o plano passou por um novo escrutínio, após Ibrahim anunciar revisão assim que assumiu o cargo de primeiro-ministro, em novembro de 2022. Segundo ele, proposta não tinha sido formulada de forma transparente pelo governo anterior.
Já a DNB rejeitou essa afirmação. Segundo a estatal, uma única rede reduziria custos, melhoraria a eficiência e aceleraria a construção de infraestrutura.
Não ficou claro como a proposta de uma segunda rede 5G afetaria os acordos existentes da DNB com seu parceiro de desenvolvimento, a gigante sueca de telecomunicações Ericsson e outras operadoras móveis.
Contexto
Recentemente, União Europeia e EUA alertaram a Malásia sobre riscos à segurança nacional e ao investimento estrangeiro em meio aos esforços da chinesa Huawei para concorrer a um papel em sua infraestrutura de telecomunicações.
O ministro das Comunicações disse, em entrevista coletiva, que se reuniria com diplomatas interessados para discutir o assunto. Primeiro-ministro acrescentou que a Malásia seria “neutra” em considerações comerciais.
Como um país soberano, a Malásia tem o direito e o poder de definir suas próprias políticas, sem a interferência de outras partes.
Fahmi Fadzil, ministro das Comunicações da Malásia, em entrevista coletiva
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Fonte: Olhar Digital
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