Qual o peso do desempenho nos campeonatos estaduais para a disputa das divisões nacionais? Grandes decepções no Carioca e no Baiano, Botafogo e Vitória contrariam as expectativas de quem apostou que os resultados do “laboratório” do primeiro trimestre se refletiriam em um início difícil nas Séries A e B. Os clubes são os únicos com 100% de aproveitamento entre as 40 equipes das primeiras divisões do país.
Justificadamente, seria muito difícil há três semanas, quando iniciaram o Brasileirão e a Série B, encontrar algum alvinegro ou rubro-negro otimista com a arrancada nos seus respectivos campeonatos. O Botafogo, apesar de chegar para a disputa com uma invencibilidade de sete jogos, conseguiu boa parte desses resultados na Taça Rio, sem conseguir acompanhar Fluminense, Vasco e Flamengo na real disputa pelo título estadual.
O time de Luís Castro terminou a primeira fase do Carioca em 5º lugar, atrás do Volta Redonda, time da terceira divisão, cercado de críticas – desde os gestores da SAF, até o treinador português. Apesar das cobranças da torcida, não houveram grandes mudanças no time que fracassou no estadual, apenas duas contratações chegaram após o Carioca: o jovem Matías Segovia, que é reserva, e Júnior Santos, atacante que esteve no Botafogo no ano passado, se transferiu ao Fortaleza, mas retornou no final de março.
Na Série A, outro exemplo de resiliência é o Cruzeiro. Hoje 3º colocado, podendo perder a posição para o Fortaleza, o time também sofreu no Campeonato Mineiro, onde em dado momento esteve ameaçado de rebaixamento e, posteriormente, de não avançar de fase. O Cruzeiro acabou se recuperando, avançou às semifinais, mas chegou no Brasileiro com um dos piores desempenhos do país: apenas 40% de aproveitamento, mais derrotas do que vitórias, em um contexto de competitividade bem abaixo da elite nacional
No caso da Raposa, a mudança foi maior do que a ocorrida no Botafogo. O técnico Pezzolano deixou o cargo, foi substituído por Pepa, e dois reforços chegaram: Henrique Dourado, ainda com poucos minutos em campo, e Luciano Castán, que logo assumiu a titularidade absoluta. O resultado, até aqui, é de três vitórias em quatro jogos, com uma das defesas que menos sofreu gols nas quatro primeiras rodadas da Série A – apenas três, assim como o São Paulo e o Fortaleza, que tem um jogo a menos.
O cenário para o torcedor do Vitória neste início de temporada era dos mais desanimadores a nível das rivalidades regionais. Recém-promovido da Série C, onde só havia estado em uma outra oportunidade, em 2006, o Leão da Barra viu o Bahia se juntar a um dos maiores conglomerados de futebol do mundo, o Grupo City. Enquanto em Salvador o otimismo estava todo baseado para o lado tricolor, o Vitória também não dava sinais positivos para contrariar esta tendência.
O início de 2023 foi difícil. No Campeonato Baiano, o rubro-negro ficou em 5º lugar na primeira fase, atrás de equipes que sequer possuem divisão nacional, como Itabuna e Jacuipense. O resultado pífio prolongou a seca de títulos estaduais, desde 2017 sem levantar o troféu, a mais longa desde a década de 1970.
Além do estadual ruim, o Vitória ainda colecionou outras decepções. Na Copa do Brasil, foi eliminado de cara pelo Nova Iguaçu, e na Copa do Nordeste acabou como vice-lanterna de seu grupo, atrás de Sampaio Corrêa, CRB e Sport, clubes com quem rivalizaria na Série B.
A série de resultados ruins e o início caótico de temporada resultaram em mudanças no Vitória. A primeira foi no comando, com a saída de João Burse e a chegada de Léo Condé, que não surtiu efeito imediato e levou oito jogos para conquistar o primeiro triunfo pelos baianos – logo, ele participou também de boa parte dos resultados adversos. Junto de Condé, porém, o Vitória passou a anunciar repetidamente contratações: 11 no total, que agora têm apresentado resultado dentro de campo.
Com um “novo” time, o Vitória vem mostrando uma versão inabalável na Série B. Em quatro jogos, marcou 11 gols, com três vitórias por 3 a 0, e ainda não sofreu nenhum. A arrancada é a melhor do clube na Era dos Pontos Corridos da segunda divisão.
Fonte: Ogol
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