Os lançamentos de IA (inteligência artificial) do Google carecem daquela faísca que daria à empresa vantagem nessa espécie de corrida armamentista entre gigantes. E até engenheiros da empresa sabem disso, segundo um documento interno vazado pela empresa de consultoria SemiAnalysis.
Documento, supostamente escrito pelo engenheiro de software sênior do Google, Luke Sernau, compartilha preocupações de que a empresa simplesmente não está em posição de vencer a corrida de IA. Por que? Porque, nas palavras do engenheiro, falta aquele “molho secreto”.
Déficits na IA do Google
Além disso, ofertas de IA do Google carecem de valor inerente que modelos gratuitos de já fornecem. O artigo de Sernau deixa claro que o Google não está “posicionado para vencer esta corrida armamentista”.
De acordo com o documento vazado, Sernau disse que lançamentos de IA do Google, como o Bard, são mais lentos e menos personalizáveis do que de outras empresas, especialmente aquelas provenientes de comunidades de código aberto. Ele até diz que a OpenAI, a empresa dominante que cuspiu modelos de IA em parceria com a Microsoft, também não está pronta para o futuro.
Embora nossos modelos ainda tenham ligeira vantagem em termos de qualidade, a diferença está se fechando surpreendentemente rapidamente. Os modelos de código aberto são mais rápidos, mais personalizáveis, mais privados e mais capazes. Eles estão fazendo coisas com US$ 100 e 13 bilhões de parâmetros com as quais sofremos com US$ 10 milhões e 540 bilhões. E eles estão fazendo isso em semanas, não meses.
Luke Sernau, engenheiro de software sênior do Google
O engenheiro sênior cita chatbots de IA de código aberto como o Vicuna-13B, sistema treinado no modelo de linguagem LLaMA da Meta. O modelo de código aberto está “superando” o Google em grandes problemas, como hospedar grandes modelos de linguagem em telefones e IA pessoal.
Enquanto isso, há também geradores de imagem de IA, como o Stable Diffusion, cujo modelo de código aberto se configura para muito mais integrações corporativas do que o DALL-E 2 da OpenAI.
“Nossa maior esperança é aprender e colaborar com o que outros estão fazendo fora do Google. As pessoas não pagarão por um modelo restrito quando alternativas gratuitas e irrestritas forem comparáveis em qualidade. Devemos considerar onde realmente está nosso valor agregado”, escreveu o engenheiro.
Documento vazado
Sernau teria publicado o relatório em abril e, desde então, se espalhou por toda a empresa, até que finalmente vazou para-além dos muros da big tech. Documento não é uma estratégia oficial da empresa. E esses tipos de documentos são rotineiramente divulgados internamente.
Um porta-voz da empresa disse que empresa está “empolgada pela atividade neste espaço e pelas novas oportunidades que ele cria”. Ainda assim, documento mostra que há uma profunda disputa dentro da empresa em torno de sua estratégia de IA.
Até agora, o foco principal do Google tem sido tentar lutar contra a Microsoft, que introduziu totalmente IA no Bing, no navegador Edge e no Windows 11. Esse foco na competição levou o Google a se tornar um ecossistema ainda mais fechado do que antes.
Na quinta-feira (04), o jornal The Washington Post informou, com base em duas fontes anônimas, que o líder em IA no Google, Jeff Dean, disse à equipe que não compartilharia mais suas pesquisas com o mundo, pelo menos até que o Google tivesse um produto real que pudesse vender.
É a mesma tática que a OpenAI está adotando com sua própria pesquisa, pois citou a concorrência para não revelar nada sobre o conjunto de treinamento de seu modelo de linguagem.
Com informações de Bloomberg
Fonte: Olhar Digital
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