Pela primeira vez na história, uma galáxia elíptica foi mapeada tridimensionalmente por pesquisadores. As observações da Messier 87 (M87), localizada a cerca de 55 milhões de anos-luz de distância da Terra, revelaram que ela se parece com uma batata gigante.

A M87 é uma das galáxias elípticas mais próximas da Terra e seu modelo 3D foi feito utilizando observações realizadas pelo Observatório WM Keck em Maunakea, no Havaí, e pelo Telescópio Espacial Hubble. O mapeamento revelou que sua forma não era tão simétrica quanto se pensava e tem uma forma triaxial.

As galáxias são dividas em duas principais categorias, as elípticas e as espirais, sendo a última compostas de outras subcategorias. No entanto, fazer o mesmo com as primeiras tem sido difícil, o que deixa os pesquisadores ansiosos com a possibilidade de determinar a verdadeira forma delas.

Esse tipo de análise pode ajudar os cientistas a descobrirem como as galaxias elipticas e seus buracos negros centrais se formam, e o modelo 3D é um bom começo para isso.

Buraco negro central da galaxia

Para fazer o mapeamento 3D os pesquisadores mediram o movimento das estrelas da galaxia em torno do buraco negro central, o M87*, que foi o primeiro diretamente fotografado, em 2019.

O movimento fez com que fosse percebido o formato de batata e além disso fosse possível calcular a massa do M87*; cerca de 5,4 bilhões de vezes a massa do Sol, um pouco menos que os 6,5 bilhões calculados anteriormente a partir de sua histórica imagem.

Agora que sabemos a direção da rotação líquida das estrelas em M87 e temos uma massa atualizada do buraco negro, podemos combinar essas informações com dados do Event Horizon Telescope para restringir o giro.

Chung-Pei Ma, principal investigador, em comunicado

O buraco negro central gigantesco da galaxia que é 10 vezes mais massiva que a Via Lactea, provavelmente se formou a partir da colisão de diversos outros objetos do mesmo tipo. Seu tamanho faz com que ele domine gravitacionalmente uma área que se estende do seu centro até cerca de 3 mil anos-luz.

Os pesquisadores avaliaram as estrelas de uma região com raio de 70 mil anos-luz que inclui essa área central, e mesmo que não tenha sido possível avaliá-las individualmente, foi descoberta a faixa de velocidade que elas se movimentavam permitindo calcular a massa do M87*.

É como olhar para um enxame de 100 bilhões de abelhas. Embora estejamos olhando para eles à distância e não possamos discernir as abelhas individualmente, estamos obtendo informações muito detalhadas sobre suas velocidades coletivas

Chung-Pei Ma