Um dos maiores monumentos históricos de Pompeia são os supostos corpos petrificados, que atraem milhares de visitantes todos os anos para a região destruída pelo fenômeno natural. Mas a história real por trás deles parece contradizer o que se acredita popularmente sobre esse artefato histórico.
No ano de 79 D.C., o Monte Vesúvio — grande vulcão ativo localizado a 8 km da de Pompeia — inundou a região com nuvem mortal de gás superaquecido, derretendo rochas e deixando cinzas quentes.
Popularmente, acredita-se que esses monumentos sejam corpos petrificados de pessoas atingidas pela erupção do Monte Vesúvio, sem conseguir deixar a região. Porém, esses corpos só foram colocados lá após o ano de 1800, ou seja, até então não haviam rastros dos humanos reais petrificados na região.
Afinal, se não são corpos, o que são?
A professora de clássicos da Universidade de Cambridge, Mary Beard, deu explicação direta e precisa sobre esses objetos: “A verdade é […] que eles não são realmente corpos”, explicou. “Eles são o produto de um pouco de engenhosidade arqueológica, remontando à década de 1860.”
Esses descobertos eram os reais corpos dos moradores de Pompeia — diferente dos moldes cinzas em exibição. “O material do vulcão cobriu os corpos dos mortos, endurecendo e solidificando ao redor deles”, afirmou Beard. “À medida que a carne, os órgãos internos e as roupas se decompunham gradualmente, um vazio era deixado – que era uma impressão negativa exata da forma do cadáver no momento da morte.”
Não demorou muito para que se descobrisse que, se você derramasse gesso de Paris naquele vazio, obteria um molde de gesso que era uma réplica exata do corpo […], mas [é] apenas uma réplica – mais um ‘anticorpo’ do que um corpo real.
Mary Beard
De forma resumida, os supostos corpos petrificados em exposição não passam de molde de gesso moderno dos lugares onde os corpos já estiveram. Outro acontecimento histórico foi determinante para essa reconstrução: as mais de 160 bombas foram lançadas contra a região durante a Segunda Guerra Mundial, destruindo toda a reconstrução do século XX. “Foi, francamente, um desastre”, escreveu Beard. “Partes do que vemos agora são uma reconstrução de uma reconstrução.”
Meu ponto é que nossa Pompeia — como a maioria dos locais clássicos, na verdade — é o produto da colaboração entre reconstrutores e conservadores modernos e os próprios construtores romanos originais, com a maior parte do trabalho do nosso lado […] E não é menos impressionante ou comovente por isso – como os moldes do corpo ajudam a mostrar.
Mary Beard
Com informações de IFLScience
Fonte: Olhar Digital
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