Desde o começo da pandemia da Covid-19 o Brasil deixou de ter carros a preços populares. Hoje o modelo mais barato no país é o Renaut Kwid versão Zen, que custa R$ 69 mil. Agora o governo deve anunciar um plano para retomar a venda de veículos mais em conta. 

De acordo com a Folha de S.Paulo, a medida liderada pelo MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) deve ser oficializada no próximo dia 25 de maio, Dia da Indústria.

O foco da regra deve estar nos carros de entrada, o objetivo seria reduzir o custo de compactos 1.0 para que eles sejam vendidos em uma faixa de preço que vá entre R$ 50 mil a 60 mil.

A estratégia também deve contemplar outros segmentos da indústria, indo além das montadoras. A intenção seria criar linhas de crédito para o setor fabril, reduções na tributação e um aumento do financiamento de veículos.

O que você precisa saber

A medida é capitaneada pelo vice-presidente e ministro do MDIC, Geraldo Alckmin. Nas redes sociais, ele falou sobre a proposta para o setor automotivo. 

Recebi a diretoria da Renault para debatermos propostas que fortaleçam o setor automotivo. O presidente Lula está empenhado em retomar o vigor de nossa indústria automobilística, que é grande empregadora

Geraldo Alckmin

Por conta da proximidade com a Renaut, a Folha diz que o Kwid deve ser o primeiro carro a se adequar a nova lei. Em seu lançamento, em 2017, a versão mais em conta dele custava R$ 30 mil, preço que hoje, com a inflação corrigida, estaria por volta de R$ 40 mil.

Vale lembrar que, no passado, a Fiat impulsionou a mudança na tributação dos carros com motor 1.0, criando uma nova categoria de populares. Por outro lado, a Volkswagen pressionou pela mesma lei a fim de incentivar a produção de veículos refrigerados a ar, como o Fusca, que não oferecia a opção de motor 1.0.

Carros populares de volta?

Com a pandemia e a crise no setor, as montadoras abandonaram modelos mais simples e menos lucrativos. Com isso, versões de entrada saíram do mercado, restando apenas opções mais caras que ficaram ainda mais inacessíveis com a inflação.

O problema é que isso causou também uma redução da produção e uma crise nas fábricas, que já vem tendo um impacto nos empregos sem os carros populares. Nos últimos meses, diversas montadoras fizeram demissões no país, além da Ford, que deixou o Brasil.

O desafio também está na renda da população, que reduzida e com a inflação alta, não consegue comprar bens de alto custo. Por isso, as medidas devem incentivar os bancos a oferecerem financiamentos com juros mais baixos. Todos esses pontos, entretanto, ainda estão em discussão e podem ficar de fora do pacote.