A Organização Meteorológica Internacional da ONU trouxe informações nada animadoras sobre o clima no mundo. O levantamento publicado nesta quinta-feira (17) indica que há 66% de chance de ultrapassarmos o limite de aumento da temperatura de 1,5°C até 2027.

A chegada do El Niño intenso esse ano e a degradação da natureza causada pelo homem incentivaram esse cenário que, se cumprido, significaria que o mundo está 1,5°C mais quente do que na segunda metade do século 19, antes que as emissões de combustíveis fósseis da industrialização começassem.

Apesar disso, os cientistas também acreditam que essa marca seja temporária, já que com o fim do El Niño as temperaturas devem voltar a baixar. 

Nós realmente agora estamos na margem de probabilidade de exceder 1,5°C na média anual, e é a primeira vez que estivemos tão perto 

Adam Scaife, chefe de projeções de longo prazo do Met Office, o escritório meteorológico do Reino Unido, que produziu o relatório para a OMI

Por que a marca de 1,5C?

Esse número se tornou referência nas negociações climáticas no mundo. O objetivo do acordo de Paris, por exemplo, é limitar o aumento justamente para essa meta.

Especialistas alertam que superar essa margem por um período longo de tempo poderia trazer consequências devastadoras para a natureza.

O último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), lançado em março desde ano, destaca que esse número deve ser ultrapassado até o fim da década, o que representa um retrocesso no combate às mudanças climáticas.

O que é o El Niño?

Existem dois tipos de El Niño: o clássico, que altera a temperatura do mundo todo com o aquecimento de uma grande faixa do Oceano Pacífico, e o costeiro, em que ocorre o aquecimento apenas na costa do Peru e do Equador.

No momento, o que está em vigor é o costeiro, mas o super El Niño previsto para o segundo semestre é o clássico.

el nino
Fenômenos como El Niño podem contribuir com variações temporárias da temperatura média global (Imagem: Divulgação)

Durante os eventos do El Niño, as águas quentes na superfície aumentam o nível de profundidade do oceano que separa a água superficial quente da água mais fria abaixo. 

Com isso, enquanto o El Niño traz chuva para a América do Sul, ele leva secas para a Indonésia e a Austrália. Em algumas partes do mundo, as enchentes causadas pelos efeitos do El Niño estão associadas ao aumento de casos de cólera, dengue e malária.

Eventos mais fortes também perturbam o movimento de ar em grande escala, que normalmente ajudam a distribuir o calor pela superfície da Terra, causando um inverno severo e prolongado nas latitudes mais altas da América do Norte e do Sul, e contribuindo para monções mais fracas na Índia e no sudeste da Ásia.

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