Medo de possíveis efeitos adversos e falta de confiança nas vacinas são principais motivos que levam pais e responsáveis a negligenciar vacinação de crianças e adolescentes. É o que demonstra pesquisa apresentada pela Sociedade Brasileira de Pediatria e pelo Instituto Questão de Ciência.
O que você precisa saber:
Outras alegações comumente ouvidas em consultórios são esquecimento, falta de vacinas no serviço público e preço das doses nos serviços privados.
A pesquisa
A pesquisa “Hesitação vacinal: por que estamos recuando em conquistas tão importantes?” ouviu cerca de mil pediatras brasileiros para descobrir dúvidas mais comuns sobre vacinação relatadas pelas famílias durante atendimento pediátrico.
A íntegra do estudo vai ser divulgada no fim de maio. Mas dados preliminares indicam influência relevante de informações não confiáveis ou fake news sobre comportamento das famílias.
Muitas dúvidas e afirmações falsas baseadas em desinformação têm chegado até os pediatras. Entre as principais estão frases como ‘Minha filha não precisa da vacina para HPV, pois ainda não iniciou a vida sexual’; ‘Vacina para HPV pode gerar efeitos neurológicos graves’; e ainda ‘A doença por rotavírus é leve em crianças’.
Sociedade Brasileira de Pediatria, em nota
Fake news sobre vacinas contra Covid
De acordo com 81,29% dos pediatras entrevistados, a vacina contra a Covid-19 é a que tem gerado maior apreensão entre as famílias, seguida pelas doses contra a gripe (6,7%) e a febre amarela (6,09%), doenças mais conhecidas pela população.
Os principais motivos alegados nos consultórios, no caso da vacina contra a Covid, são:
Segundo a percepção dos especialistas, informações não confiáveis ou fake news são veiculadas, sobretudo, por meio das redes sociais (30,95%). Aplicativos de mensagens como WhatsApp (8,43%) e a internet como um todo (13,6%) aparecem com um poder de influência superior ao da televisão (3,34%).
Análise
O presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria, Clóvis Francisco Constantino, lembrou que, ao longo dos últimos “seis ou sete anos”, o país registrou uma queda “acentuada e perigosíssima” da cobertura vacinal como um todo. O problema, segundo ele, se acentuou durante o período mais crítico da pandemia de Covid-19.
Isso fez com que nos deparássemos com um momento perigosíssimo em relação a crianças e adolescentes, que são alvo da atenção do pediatra. Recém-nascidos, crianças e adolescentes estão correndo risco com doenças infecciosas, algumas erradicadas, e que podem voltar. Estamos na rota de retorno de muitas doenças, alguns gravíssimas.
Clóvis Francisco Constantino, presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria, em entrevista à Agência Brasil
Ele acrescentou que “os pais dessas crianças e adolescentes foram vacinados, mas não estão levando seus filhos para serem vacinados”. “Será que acham que essas doenças, por terem sido algumas erradicadas, nunca mais voltarão? Será que essa é uma pergunta que eles fazem a si próprios? Ou não fazem pergunta nenhuma e se entregam a falsas notícias que veem nas redes sociais sobre ‘perigos das vacinas’?”, questionou.
A presidente do Instituto Questão de Ciência, Natalia Pasternak, explicou que a proposta da pesquisa é traçar um panorama acerca da dificuldade enfrentadas pelos pediatras no consultório associadas à hesitação vacinal.
Segundo ela, a partir dos resultados da pesquisa, o instituto, em parceria com a Sociedade Brasileira de Pediatria, desenhou um curso, já realizado, para representantes das regionais de pediatria espalhadas pelo país.
A gente dividiu com eles várias técnicas de comunicação de ciência e saúde sobre como lidar com essas dúvidas [dos pais], como identificar de onde vêm as dúvidas, por que esses pais estão chegando, onde eles escutaram, como eles foram contaminados pela hesitação vacinal que acaba aparecendo no consultório.
Natalia Pasternak, presidente do Instituto Questão de Ciência, em entrevista à Agência Brasil
Com informações da Agência Brasil
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Fonte: Olhar Digital
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