Alguns meses após o processo de divórcio, Sarita achou suspeito que seu marido, que ganhava US$ 3 milhões (aproximadamente R$ 15 milhões, na cotação atual) anualmente, não tivesse muitos bens. Depois de passar meio ano investigando, com ajuda de um contador forense, a dona de casa de Nova York acabou rastreando Bitcoins – então no valor de US$ 500 mil (R$ 2,5 milhões) – numa carteira criptográfica escondida.
Sarita, que foi casada por uma década e pediu para usar um pseudônimo em entrevista à CNBC para se proteger de retaliações, disse que se sentiu surpreendida pelo investimento do marido em criptomoedas.
Eu conheço Bitcoin e criptomoedas, mas não sabia muito sobre isso. Nunca passou pela minha cabeça, porque não é como se estivéssemos discutindo ou fazendo investimentos juntos. Foi definitivamente um choque.
Sarita, dona de casa divorciada, em entrevista à CNBC
Bitcoin no mundo financeiro
A “infidelidade financeira” está cada vez mais sofisticada, à medida que investidores “saltam” moedas em blockchains e investem seu dinheiro em propriedades do metaverso. Uma pesquisa da NBC News descobriu que um em cada cinco estadunidenses investiu, negociou ou usou criptomoeda. Homens entre 18 e 49 anos ocupam maior parcela de todos os grupos demográficos.
A CNBC conversou com advogados de divórcio da Flórida, Nova York, Texas e Califórnia, investigadores forenses de blockchain e consultores financeiros. Também falou com cônjuges que caçavam moedas virtuais ou os próprios detentores das criptomoedas.
A maioria concorda que a lei não consegue acompanhar todas as novas maneiras pelas quais pessoas ganham e protegem ativos digitais que existem fora do alcance de intermediários centralizados, como bancos.
A advogada de direito familiar e conjugal Kim Nutter disse que mergulhou pela primeira vez nesse universo em 2015. Mas que o estado da Flórida, onde trabalha, apenas recentemente inseriu “criptomoeda” na solicitação padrão para produção de documentos – uma parte fundamental do estabelecimento propriedade conjugal do casal durante o processo de descoberta.
O que eu acho em litígio é porque isso é muito novo para todos nós, mesmo para os advogados mais experientes – a menos que você esteja realmente se esforçando para estudar isso – educar o tribunal, saber o que pedir e encontrar especialistas certos. É muito mais complicado para mim do que outras áreas do direito que existem há muito mais tempo.
Kim Nutter, advogada de direito familiar e conjugal
Esquema bilionário nos EUA
No começo de abril, o Wall Street Journal revelou que autoridades federais dos EUA tinham conseguido perfurar o véu das transações de blockchain.
Isso porque investigadores privados e governamentais agora conseguem identificar endereços de carteiras blockchain – série de letras e números usada para enviar e receber criptomoedas anonimamente – associados a terroristas, traficantes de drogas, lavadores de dinheiro e criminosos cibernéticos.
Nos últimos dois anos, país apreendeu mais de US$ 10 bilhões (R$ 50 bilhões) em moeda digital, de acordo com a Receita Federal de lá.
Trabalhando com “casas de câmbio” de criptomoedas e empresas de análise de blockchain, autoridades compilaram dados coletados de investigações anteriores para mapear o fluxo de transações desse tipo de moeda em redes criminosas mundo afora. Ou seja, acharam um jeito de seguir dinheiro – que, até então, considerava-se irrastreável.
Com informações de CNBC
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Fonte: Olhar Digital
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