O diagnóstico de tumor maligno assusta terrivelmente não só o paciente, mas todos que estão a sua volta. Felizmente, atualmente, existem diversos tipos de tratamentos contra o câncer para além do trio cirurgia, quimioterapia e radioterapia.

Em vez de pensarmos no “melhor tratamento contra o câncer”, é importante saber que, embora um paciente possa ser submetido a um único tratamento, frequentemente os médicos optam por combinar abordagens.

Nesta matéria, o Olhar Digital vai indicar quais tratamentos de ponta existem que são capazes de ajudar a alcançar remissão mesmo nas formas mais agressivas da doença. Fique atento porque alguns já estão em testes no Brasil, outros apenas nos Estados Unidos.

Navegue pelos tratamentos:

Terapia com células CAR-T

Receptor quimérico de antígeno
Imagem: Juan Gaertner / Shutterstock

A terapia com células CAR-T é um tipo de tratamento para cânceres de sangue que usa células do sistema imune fortalecidas para combater o tumor e conquistar a tão sonhada remissão.

Essa é uma técnica aprovada nos Estados Unidos desde 2017 e que está em fase experimental no Brasil. Infelizmente, por ser um tratamento complexo e que utiliza insumos importados, ainda é muito caro. Estima-se que possa custar até US$ 1 milhão por paciente.

No entanto, desde 2022, o Brasil está investindo pesado para reduzir os custos dessa técnica para apenas R$ 50 mil e, assim, levar esse tratamento gratuitamente para o SUS.

Para conseguir isso, foram construídos dois centros de ponta em São Paulo (o Nutera e o Nucel), além de ter sido firmada uma parceira envolvendo o Instituto Butantan, o Hemocentro de Ribeirão Preto e a Universidade de São Paulo (USP).

Instituto Butantan
Imagem: hotoConceptum / Shutterstock

Para você ter uma ideia do potencial da terapia com células CAR-T, o primeiro voluntário brasileiro recebeu o tratamento experimental em 2020 e alcançou a remissão total de um linfoma em estágio terminal.

Vale destacar também que a descoberta desse tratamento rendeu aos criadores, James P. Allison e Tasuku Honjo, o prêmio Nobel de Medicina em 2018.

Hipertermia

A hipertermia é um tipo de tratamento no qual o tecido em que está o tumor é aquecido até 45° C. Ensaios clínicos nos Estados Unidos demonstraram que quando usada com outras abordagens, como radio e quimioterapia, ela ajuda a encolher os tumores e pode facilitar a destruição de células cancerígenas.

Também chamado de terapia termal, é um procedimento que pode ser aplicado em diferentes partes do corpo e também com extensão variada, de apenas em um órgão até o corpo inteiro.

Unidade médica computadorizada para hipertermia geral em Minsk, na Bielorrúsia
Imagem: OMfotovideocontent / Shutterstock

Outra versatilidade da modalidade é com relação aos equipamentos que podem ser usados. Isto é, conforme o tipo de tumor e a localização, os médicos podem incorporar diferentes técnicas para criar calor, como radiofrequência, ultrassom, laser etc.

Entre os tipos de câncer tratáveis com essa intervenção, estão:

Uma boa notícia é que a maioria dos tecidos saudáveis não é danificada durante o tratamento desde que a temperatura permaneça abaixo de algo em torno dos 44 °C.

No entanto, conforme a técnica e o local de aplicação, podem ocorrer dor, queimaduras, bolhas, inchaço, coágulos sanguíneos e sangramentos. Felizmente, a maioria desses efeitos colaterais melhora após o tratamento.

Terapia fotodinâmica

Dispositivo para terapia com luz de diodo
Imagem: Evgeniy Kalinovskiy / Shutterstock

A terapia fotodinâmica é uma intervenção que ocorre em duas etapas. Primeiro, o paciente toma um medicamento para realçar as células do tumor. Esse fármaco é chamado de fotossensibilizador e, conforme o local do tumor, ele pode ser aplicado na pele ou ainda administrado via oral ou intravenosa.

Após um período de 24 a 72 horas, a maior parte do medicamento terá saído das células saudáveis. Porém, o fotossensibilizador permanecerá nas células cancerígenas ou pré-cancerosas.

Então, na segunda etapa, o paciente será exposto ao laser ou LED. Quando as células doentes são expostas a uma fonte de luz com determinado comprimento de onda, o fotossensibilizador produz uma forma de oxigênio, chamado de radical de oxigênio, que as mata.

Além dessa forma principal de atuação, a terapia fotodinâmica também é capaz de danificar os vasos sanguíneos do tumor, o que o impede de receber o sangue necessário para continuar crescendo.

Por fim, a abordagem também pode incentivar indiretamente o sistema imunológico a atacar as células tumorais, mesmo em outras áreas do corpo.

Câncer de pele
Imagem: Inside Creative House / Shutterstock

Geralmente, esse protocolo é usado para tumores pequenos e que estão localizados a uma distância de até 1 cm da fonte de luz. Isso porque essa luz não consegue atravessar até outras partes do corpo humano.

Atualmente, a agência reguladora dos Estados Unidos aprovou a terapia fotodinâmica no tratamento de:

A terapia fotodinâmica pode prejudicar as células normais, mas considera-se que seja um dano limitado. No entanto, outros efeitos colaterais podem ocorrer na área de tratamento, como queimaduras, inchaço, dor e cicatrizes. Existem ainda outros sintomas que podem ser percebidos conforme o local tratado e o fotossensibilizador usado. De qualquer maneira, os efeitos colaterais melhoram quando o tratamento termina.

Transplante de células-tronco

Transplante de células-tronco
Imagem: Terelyuk / Shutterstock

O transplante de células-tronco é uma forma de restaurar o estoque de células sanguíneas (glóbulos brancos e vermelhos e plaquetas) em pacientes submetidos a altas doses de quimioterapia ou radioterapia.

Por isso, normalmente, essa abordagem é aplicada de maneira complementar a outras terapias. No entanto, no caso de mieloma múltiplo e em alguns tipos de leucemia, o transplante de células-tronco pode funcionar diretamente contra o câncer. Nessas situações, os glóbulos brancos do doador das células-tronco atacam o tumor do corpo do paciente.

Em um transplante de células-tronco, o paciente recebe o material (que pode ter sido retirado de si mesmo, de um parente ou de um doador compatível) via intravenosa. Assim que entram na corrente sanguínea, essas células-tronco viajam até a medula óssea e ocupam o lugar das unidades que foram destruídas durante o tratamento contra a doença.

Assim como qualquer intervenção, o transplante de células-tronco tem efeitos colaterais. O mais sério pode ocorrer quando o paciente recebe material de um doador externo (exceto gêmeo idêntico) e as células do doador estranham e atacam as células do paciente. Esse problema pode causar danos à pele, fígado, intestino e outros órgãos. Nesse caso, será necessário usar medicamentos para suprimir o sistema imunológico do paciente.

É importante saber também que, mesmo depois de um tratamento bem-sucedido, pode levar tempo para que seu sistema imunológico se recupere totalmente. Mais especificamente, estamos falando de meses para transplantes com células próprias e de 1 a 2 anos para transplantes com células de doadores (sejam eles parentes ou não).

Recuperação do sistema imune após o câncer pode demorar anos
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Além de ser uma terapia cara, existem outros agentes que dificultam a adoção dela. Entre eles, podem ser destacados:

Atualmente, esse procedimento é feito com mais frequência para ajudar pessoas com leucemia e linfoma. Mas, ele também pode ser usado para neuroblastoma e mieloma múltiplo. Em ensaios clínicos nos Estados Unidos, pesquisadores estudam a aplicação desse protocolo para outros tipos de câncer.

Terapia hormonal

Terapia hormonal
Imagem: Green Apple / Shutterstock

A terapia hormonal é um tratamento que retarda ou interrompe o crescimento de tumores que usam hormônios para se desenvolver – ou seja, câncer de mama e de próstata.

Além disso, esse protocolo também pode ser usado para aliviar os sintomas de câncer de próstata em pacientes que não podem fazer cirurgia ou radioterapia.

Quando usada com outros tratamentos, a terapia hormonal pode tornar um tumor menor antes da cirurgia ou radioterapia; diminuir o risco de reincidência do câncer após o tratamento principal; e destruir as células cancerígenas que retornaram ou se espalharam para outras partes do corpo.

Existem duas abordagens nesta terapia:

Bexiga e próstata
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Os efeitos colaterais dessa intervenção dependerão do gênero do paciente, do tipo de terapia hormonal recebido e de como ele responde ao tratamento. Entre os principais efeitos colaterais estão: ondas de calor, náusea, fadiga, ganho de peso (nos homens) e perda de interesse ou de capacidade de fazer sexo.

No Brasil, um estudo clínico do Instituto de Pesquisa Moinhos, com a participação da Johns Hopkins Medicine International, desenvolve um tipo de terapia hormonal no tratamento contra o câncer de próstata. Chamado de terapia androgênica bipolar, o protocolo consiste em administrar altas doses de testosterona associadas a uma medicação já aprovada para câncer de próstata, o Radium-223.

Por conta dos resultados preliminares promissores desse estudo, o médico oncologista Pedro Henrique Isaacsson Velho recebeu o prêmio de Career Development da Sociedade Americana de Oncologia Clínica em 2022.

Importante!

Esta matéria tem caráter informativo e educacional. Ela não deve ser interpretada como aconselhamento médico ou uma indicação específica para procurar ou seguir qualquer forma de tratamento médico. As informações fornecidas são baseadas em conhecimentos gerais e podem não se aplicar a situações individuais.

Sempre consulte um profissional de saúde qualificado para obter orientação personalizada e recomendações adequadas ao seu caso específico. Nunca ignore ou adie a busca por atendimento médico profissional com base apenas nas informações fornecidas aqui.

Com informações do Butantan (1 e 2), National Cancer Institute (1, 2, 3 e 4).