Cientistas criaram uma nova tinta ativada pela luz que pode mudar de cor conforme a necessidade, inspirada em uma capacidade de camuflagem encontrada em cefalópodes, como polvos e lulas. A invenção foi descrita em um artigo científico publicado este mês na revista Nature.
Na natureza, muitos animais mudam de cor para finalidades diversas, como disfarce para atacar presas, ou o inverso, para se proteger de predadores, por exemplo. Eles fazem isso usando os chamados cromatóforos.
Também conhecidas como cromatócitos, essas células da derme são compostas por minúsculos sacos de pigmento que podem se expandir ou contrair, e as combinações de quais pigmentos coloridos são visíveis ou ocultos a qualquer momento concedem à pele do animal uma cor ou padrão específico.
Com base nesse complexo mecanismo natural, pesquisadores de três universidades da China desenvolveram a tinta que muda de cor.
Como é a tinta que muda de cor sob demanda
O produto contém microesferas feitas de dióxido de titânio e tingidas de ciano, magenta e amarelo, reconhecidamente as cores principais de alguns sistemas de impressão, graças à sua capacidade de reproduzir outras cores por meio de combinações variadas.
Essas microesferas de cores diversas sobem ou afundam em resposta a diferentes comprimentos de onda de luz, fazendo com que a tinta assuma uma cor específica sob demanda.
O segredo está no dióxido de titânio, que cria uma reação redox (processo químico que envolve transferência de elétrons de uma molécula, átomo ou íon para outro reagente) em resposta à luz que lança as microesferas em diferentes direções.
Assim, a luz verde, por exemplo, leva as microesferas amarelas e ciano para a superfície para tornar a tinta verde, enquanto as magentas vão para o fundo. Em testes, a equipe demonstrou que o sistema era capaz de reproduzir uma série de imagens que eram projetadas nas superfícies.
No entanto, o produto ainda deve ser aprimorado. Os pesquisadores querem entender exatamente como o mecanismo funciona à luz do dia ou do ambiente. Outro ponto, é que a reprodução de cores e o brilho precisam de ajuste. Além disso, o processo de alteração de cor ainda é muito lento, segundo a equipe.
Essas questões serão exploradas em trabalhos futuros, e, se bem-sucedida, a tecnologia pode ser útil para fazer novos tipos de telas, dispositivos de tinta eletrônica e até camuflagem óptica ativa.
Fonte: Universidade de Hong Kong
Fonte: Olhar Digital
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