Atualmente, sete em cada dez financiamentos de carros – considerando modelos novos e usados – são recusados pelos bancos no Brasil. É o que apontou a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).

O que você precisa saber:

Isso tem acontecido porque o risco de inadimplência do brasileiro deixou os bancos e instituições financeiras mais cautelosos, conforme explicou Paulo Noman, presidente da Anef (Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras), em entrevista ao Autoesporte.

Além disso, maior seletividade na concessão de crédito se deve a registros de fraudes nos financiamentos no Brasil.

Financiamentos no Brasil

Pátio com muitos carros novos estacionados
(Imagem: Roosevelt Cassio/Reuters)

A inadimplência avançou pouco no país. Em relação a veículos, um terço de todos os carros novos são financiados. E os contratos inadimplentes com atrasos acima de 90 dias correspondem a 6,2% de todos os financiamentos em 2023, considerando CDC (Crédito Direto ao Consumidor) e leasing, segundo a Anef. Em comparação a 2022, avanço é de 1,3%.

No financiamento CDC, onde o cliente recebe um empréstimo bancário para adquirir o veículo, a inadimplência é de 5,5%. E no caso do leasing, onde o banco cede o uso do carro por um plano de arrendamento, a inadimplência está em 3,3%, de acordo com o Banco Central.

Além do risco de inadimplência, o momento atual do país também é um fator que desafia a aprovação de novos financiamentos.

A manutenção da taxa Selic em 13,75%, a instabilidade econômica e a constante elevação dos preços têm assustado e afastado novos clientes.

Paulo Noman, presidente da Anef (Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras), em entrevista ao Autoesporte

Contexto

Carros em avenida durante pôr-do-sol
(Imagem: Fernando Frazão/Agência Brasil)

Vendas de automóveis à vista correspondem a 61% das aquisições de carros novos, impulsionadas por locadoras, de acordo com a Anef. Já o pagamento com financiamentos representou 34% no período. Ao todo, R$ 47 bilhões foram liberados por bancos e instituições financeiras – o que representa alta de 5,2% sobre 2022.

Noman disse que os financiamentos mais acessíveis dependem de uma cadeia de acontecimentos. Entre eles, estão: a saúde financeira do país e novos planos do governo para garantir veículos mais em conta.

O brasileiro não quer um carro menos seguro e tecnológico, ainda que ele seja barato como os antigos pé-de-boi. O governo precisa garantir que o carro fique mais barato sem comprometer o produto.

Paulo Noman, presidente da Anef (Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras), em entrevista ao Autoesporte

Sobre a taxa de juros, que reflete diretamente no financiamento dos carros, Noman enxerga uma luz ao fim do túnel. “O mercado vê espaço para uma redução futura da taxa Selic, mas ela ainda não começou”, disse.

Com informações de Autoesporte