Um grupo de neurocientistas da Universidade do Texas, em Austin (EUA), descobriram uma maneira de traduzir as varreduras da atividade cerebral em palavras usando a mesma tecnologia de IA (inteligência artificial) que alimenta o ChatGPT, plataforma da OpenAI.

O que você precisa saber:

A descoberta pode revolucionar a forma como as pessoas que perderam a capacidade de falar podem se comunicar. É apenas uma aplicação pioneira de IA desenvolvida nos últimos meses, à medida que a tecnologia continua avançando e parece destinada a tocar cada parte do cotidiano e da sociedade.

Nova tecnologia com ChatGPT

Ilustração digital de visão raio-x mostrando atividade cerebral de uma pessoa
(Imagem: Naeblys/Shutterstock)

Alexander Huth, professor assistente de neurociência e ciência da computação na Universidade do Texas, se ofereceu para ser cobaia neste estudo, passando mais de 20 horas confinado em uma máquina de ressonância magnética ouvindo clipes de áudio enquanto o aparelho tirava fotos detalhadas de seu cérebro.

Um modelo de inteligência artificial analisou seu cérebro e o áudio que ele ouvia e, com o tempo, conseguiu prever as palavras que ouvia apenas observando seu cérebro.

Os pesquisadores usaram o primeiro modelo de linguagem da startup OpenAI, o GPT-1, que foi desenvolvido com um enorme banco de dados de livros e sites. Ao analisar todos esses dados, o modelo aprendeu como as sentenças são construídas – essencialmente como os humanos falam e pensam.

Como a tecnologia foi feita

Pessoa usando notebook com ilustração do ChatGPT em cima
(Imagem: Adobe Stock)

Os pesquisadores treinaram a IA para analisar a atividade do cérebro de Huth e de outros voluntários enquanto ouviam palavras específicas. Eventualmente, a IA aprendeu o suficiente para prever o que Huth e outros estavam ouvindo ou assistindo apenas monitorando sua atividade cerebral.

Embora a tecnologia ainda esteja em sua infância e mostre um grande potencial, as limitações podem ser uma fonte de alívio para alguns. Isso porque a IA não pode ler facilmente mentes de seres humanos. Ainda.

O verdadeiro potencial de aplicação disso está em ajudar pessoas que não conseguem se comunicar.

Alexander Huth, professor assistente de neurociência e ciência da computação na Universidade do Texas, em entrevista à CNN

Importância (e polêmicas)

Ilustração de chip do ChatGPT com diversas conexões
(Imagem: CKA/Shutterstock)

Huth e outros pesquisadores da universidade acreditam que a tecnologia inovadora pode ser usada no futuro por pessoas com síndrome de “aprisionamento”, vítimas de derrame e outras pessoas cujos cérebros funcionam, mas são incapazes de falar.

A nossa [pesquisa] é a primeira demonstração de que podemos obter esse nível de precisão sem cirurgia no cérebro. Portanto, pensamos que este é o primeiro passo nesta estrada para realmente ajudar as pessoas que não conseguem falar sem que precisem de uma neurocirurgia.

Alexander Huth, professor assistente de neurociência e ciência da computação na Universidade do Texas, em entrevista à CNN

Embora os avanços médicos revolucionários sejam, sem dúvida, boas notícias e possam mudar a vida de pacientes que lutam com doenças debilitantes, também levantam questões sobre como a tecnologia pode ser aplicada em ambientes controversos.

Afinal, ela poderia ser usada para extrair uma confissão de um prisioneiro? Expor nossos segredos mais profundos e obscuros? A resposta curta, dizem Huth e seus colegas, é não. Não no momento.

Com informações da CNN

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