Sábado, Dezembro 6, 2025
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James Webb faz revelações sobre fontes termais em lua de Saturno

Representação artística de um sobrevoo da sonda Cassini por Encélado, satélite natural de Saturno, mostra os jatos de pluma expelidos pela lua. Crédito: NASA/JPL-Caltech

Saturno é um dos planetas mais interessantes do Sistema Solar, principalmente em razão de seus famosos anéis e por conter mais de 140 satélites naturais. Um deles, Encélado, tornou-se recentemente alvo do Telescópio Espacial James Webb (JWST), que trouxe revelações sobre uma importante característica dessa lua.

Em 2005, a sonda Cassini, da NASA, registrou cortinas de gêiser saindo de fissuras semelhantes a “faixas de tigre” perto do polo sul de Encélado. “Gêiser” é um termo usado para descrever uma nascente termal que entra em erupção periodicamente, lançando uma coluna de água quente e vapor para o ar. 

Segundo os cientistas responsáveis pela sonda, alguns desses jatos, às vezes, chegavam a jorrar 200 kg de água por segundo, com algumas partículas chegando a se tornar parte dos anéis de Saturno.

Representação artística de um sobrevoo da sonda Cassini por Encélado, satélite natural de Saturno, mostra os jatos de pluma expelidos pela lua. Crédito: NASA/JPL-Caltech

Uma década de dados da missão Cassini forneceu evidências de um oceano líquido profundo dentro da crosta gelada de Encélado, escapando para o espaço através de um “criovulcanismo” contínuo. Como um lugar tão pequeno e frio pode sustentar tanta atividade geológica tem sido um enigma científico contínuo.

Considerando que, segundo estudos, Encélado apresenta ingredientes necessários para sustentar a vida – pelo menos os que conhecemos – isso significa que uma amostra das plumas dos gêiseres é algo realmente precioso.

Telescópio James Webb pode ver além do que a Cassini foi capaz

É bem possível que evidências de atividade biológica possam estar contidas nas plumas, algo que a sonda Cassini não foi capaz de identificar, por não ter sido projetada para isso (já que não se sabia da existência dessa atividade).

Agora, com o Webb, as coisas mudaram. Posicionado muito mais distante de Saturno do que o falecido orbitador, o telescópio espacial, usando apenas 4,5 minutos de seu precioso tempo, revelou uma coluna muito maior do que a Cassini poderia detectar, estendendo-se muito mais para o espaço do que o diâmetro de Encélado, que é de 504,2 km.

Ou seja, segundo as medições do mais poderoso observatório espacial de todos os tempos em operação, as fontes termais dessa lua são capazes de atingir mais do que o dobro de altitude do que se sabia anteriormente.

Próximos passos da pesquisa sobre a lua Encélado

Segundo a astrofísica Sara Faggi, pesquisadora de Pós-Doutorado do Centro de Astrobiologia Goddard, da NASA, na Divisão do Sistema Solar, as observações serão descritas em um artigo científico que trará, entre outras informações, o volume de água liberado pela pluma detectada pelo Webb e sua temperatura.

O JWST também analisou o espectro da luz solar refletindo em Encélado e encontrou evidências de muitos compostos que poderiam sugerir atividade geológica ou biológica no oceano da lua. “Temos muito mais surpresas”, disse Faggi à revista Nature.

Uma nova etapa da pesquisa, que vai contar com a dedicação do telescópio por 27 minutos (seis vezes mais do que a anterior), terá como objetivo encontrar elementos químicos associados à habitabilidade, como compostos orgânicos e peróxido de hidrogênio. “A nova observação nos dará nossa melhor chance até agora de procurar indicadores de habitabilidade na superfície de encélado”, diz o líder do projeto, Christopher Glein, geoquímico do Instituto de Pesquisa do Sudoeste (SwRI).

Agora, é aguardar pelas novidades que o estudo pode trazer sobre esse surpreendente objeto do Sistema Solar.

Fonte: Olhar Digital

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